Pesquisa realizada no Amazonas analisa temperatura em subsuperfície da terra

Os resultados obtidos foram baseados na análise de registros de temperatura de poços, bem como dados de sensoriamento remoto derivados de mudanças na cobertura vegetal.

Uma pesquisa realizada nos municípios de Humaitá, Manaus e Presidente Figueiredo, no Amazonas, utilizou métodos geotérmicos baseados em medidas de temperatura que vão desde a superfície até grandes profundidades no interior da Terra, para investigar a alteração de temperatura de poços artesianos rasos e profundos e compreender os impactos ambientais das mudanças climáticas nos últimos séculos na região amazônica.


O estudo intitulado ‘Contribuição aos estudos ambientais da Amazônia utilizando métodos geotérmicos’, recebeu apoio por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP).
Foto: Elizabeth Tavares Pimentel/Acervo pessoal

De acordo com coordenadora da pesquisa, doutora em Geofísica, Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam-Campus Humaitá), a primeira parte do trabalho considerou as indicações de águas descendentes nos poços rasos, no qual foi possível constatar que há interação entre as águas da superfície com as águas em subsuperfície nessa região, inclusive contribuindo para a recarga dos lençóis freáticos, que são uma espécie de lâmina d’água que limita a parte saturada do subsolo com a parte areada formando uma zona de água livre, que geralmente é captada através dos poços artesianos rasos.

Já a segunda parte do estudo, Elizabeth explica que foi referente a avaliação de mudanças climáticas ocorridas nos últimos séculos na região amazônica, utilizando o método geotérmico e as análises do método direto e de Inversão do Espaço Funcional (FSI), no qual foi possível examinar as naturezas das variações de temperatura da subsuperfície do solo para 25 localidades do distrito de Manaus, localizadas na parte central da província da Amazônia (Brasil).

Foto: Elizabeth Tavares Pimentel/Acervo pessoal

Os resultados obtidos foram baseados na análise de registros de temperatura de poços, bem como dados de sensoriamento remoto derivados de mudanças na cobertura vegetal. De acordo com resultados derivados da FSI de dados de temperatura de poço, o evento de resfriamento que ocorreu durante o período de 1600 a 1850, foi responsável por uma diminuição da temperatura na região de estudo.

“Este episódio coincide aproximadamente com o período da ‘pequena idade do gelo’ no hemisfério sul. Seguiu-se então, um evento de aquecimento. No entanto, de acordo com os resultados do trabalho, o aumento mais dramático da temperatura da superfície da área de estudo ocorreu nos últimos anos, que coincide com resultado das atividades de desmatamento da Amazônia durante o período de 2008 a 2020”,

explicou Elizabeth Pimentel.

Para a pesquisadora, os resultados da pesquisa impactam no sentido de mostrar, por meio do método utilizado, que houve aquecimento na região amazônica no último milênio, o que atinge toda a população da região, e reforça a necessidade de cuidados com as ações antrópicas, que são realizadas pelo ser humano que afetam negativamente ou positivamente o meio ambiente, entre as quais o desmatamento, queimadas, poluição do ar e da água.

“Minimizar os impactos do aquecimento global na Amazônia dependem de fatores que vão além do objeto desta pesquisa, porém é fundamental a população ter consciência da necessidade de preservarmos o meio ambiente para garantir melhores condições de sobrevivência na Terra”,

alerta a pesquisadora.

Participaram do estudo os pesquisadores do Observatório Nacional do Rio de Janeiro/ON, Suze Pereira Guimarães e Fábio Pinto Vieira.

Portfólio de Pesquisa

Essa e outras pesquisas coordenadas exclusivamente por mulheres cientistas que atuam na capital e no interior do Amazonas, com o apoio do Governo do Estado, estão disponíveis no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.03, organizado pela Fapeam, sendo um total de 50 estudos já finalizados.

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