Um estudo realizado pelo pesquisador Mickey Gonçalves, da UFPA, recolheu mais de 12 mil objetos descartados de maneira irregular em oito áreas de várzea no Pará e observou o lixo presente nas florestas de várzea que possuem vegetação ou que já sofreram desmatamento.
Imagine a cena: você está no aniversário de um amigo e lhe oferecem um pratinho de plástico com salgadinho. Logo depois lhe oferecem outro pratinho de plástico com bolo. Mas como você vai comer? Com uma colherzinha também feita de plástico. Para finalizar, um copo de plástico com refrigerante. Com a barriga cheia, você pega todos os objetos que foram utilizados apenas uma vez e joga no lixo. Mas para onde eles vão depois disso? A melhor opção seria que esses materiais descartáveis fossem levados para ser reciclados, mas, normalmente, não é isso que acontece.
Parte do lixo produzido nas cidades é descartada de maneira errada e acaba sendo carregada pelas chuvas até os rios, que, no caso de Belém (PA), são muitos. Ao alcançar os rios que cortam as cidades, esses materiais percorrem longos caminhos até chegar aos oceanos e formar zonas poluídas nos locais em que o rio encontra o mar.
Nesse processo de transporte, os resíduos chegam a regiões como as florestas de várzea, um bioma típico da região amazônica que sofre alagamentos de acordo com a enchente e a vazante do rio. O solo desse tipo de bioma é formado por uma grossa camada de matéria orgânica e barro, a qual forma o mangue, e contribui para que objetos se acumulem nesses locais.
Assim, as florestas de várzea agem como ambientes de sumiço do lixo, porque os objetos transportados pelo rio, como plástico, vidro, metal, entre outros, acabam afundando nesse local. O lixo “some”.
Essa ação acontece em razão de muitos fatores, como o formato das raízes das plantas, o solo de mangue e a presença de atividade humana. As pessoas, ao descartarem seus próprios resíduos nesse espaço, deixam-no propício para o acúmulo.
Socorro! As áreas estudadas estão pertinho de nós!
Um estudo realizado pelo pesquisador Mickey Gonçalves, da Universidade Federal do Pará (UFPA), recolheu mais de 12 mil objetos descartados de maneira irregular, encontrados em oito áreas de várzea localizadas no Pará: Combu, Cotijuba, Jutuba, Paraíso, Icoaraci, Cruzeiro, Marau e Colares. A pesquisa observou o lixo presente nas florestas de várzea que possuem vegetação ou que já sofreram desmatamento.
A conclusão foi que cerca de 80% dos objetos recolhidos eram feitos de plástico ou substância semelhante, materiais que demoram séculos para se decompor. O acúmulo desses objetos de poluição causa mudanças no curso natural dos nutrientes presentes no solo, as quais, em longo prazo, podem impactar as plantas do local.
O plástico, em especial, vai sendo quebrado em partes bem menores, chamadas microplásticos, e pode ser ingerido pelos animais e chegar ao corpo dos seres humanos que realizam pesca em locais poluídos.
Ainda são poucas as pesquisas sobre os resíduos encontrados nas florestas de várzea paraenses. A maioria dos estudos se concentra na poluição presente nas cidades, nos oceanos e nas praias. Mas as florestas de várzea já são apontadas como rotas significativas quando se fala em poluição, por isso necessitam de atenção tanto pelo impacto que o lixo causa nesses locais quanto pelo risco do avanço desse material para os oceanos.
Mas como você pode agir? É importante pensar melhor sobre quais os objetos que utilizamos no dia a dia e qual destino nós lhes damos, com foco nos pratinhos, copos, talheres e outros itens usados apenas uma vez e descartados logo em seguida. Esses produtos podem ser facilmente reduzidos se, por exemplo, andarmos com nosso próprio copo ou garrafinha, pratinho e talher.
Também é importante que autoridades do governo criem projetos que atuem diretamente na redução dos prejuízos ambientais causados pela poluição. Em certos estados, já é proibido o uso de canudos de plástico, mas a conversa pode ir além, como: uso de materiais que demoram menos para se decompor e programas de coleta seletiva e reciclagem.
Por meio de ações individuais, coletivas e governamentais, é possível garantir um futuro mais saudável para o meio ambiente e os seres humanos.
Que tal fazer um vaso com uma garrafa PET?
É muito simples. Você vai precisar:
Uma garrafa PET limpa
Tesoura
Pedras
Terra roxa
Semente da sua preferência
Com a ajuda de um adulto, corte a garrafa na metade e faça pequenos furos no fundo dela. Agora adicione uma camada de pedras, depois uma camada de terra roxa. Pronto, você já tem um vasinho. Então é só colocar a semente, mais uma camada de terra e regar sua plantinha regularmente, logo ela vai crescer. Você também pode decorar o lado externo do vasinho e deixá-lo com a sua cara.
A dissertação ‘Retenção de resíduos sólidos em áreas inundadas da Amazônia’ foi apresentada em 2021, por Mickey Gonçalves, no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC), Campus Altamira da UFPA, sob orientação do professor Tommaso Giarrizzo.
*O conteúdo foi publicado originalmente no Beirinha, especial do Jornal Beira do Rio, da UFPA, escrito por Jambu Freitas.