Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que o nível do rio Branco chegou a 9 centímetros positivos na madrugada do dia 25 de março.
O nível do Rio Branco, principal de Roraima, voltou a subir e chegou à marca de 9 centímetros positivos no dia 1° de abril, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA). A subida ocorre uma semana depois do rio registrar a segunda maior seca da história.
O rio é fonte de água potável que abastece a casa de moradores de Boa Vista, além de fonte de renda para pescadores que, com o cenário de seca, estão à deriva sem ter como navegar e com balsas e canoas na areia.
Na última segunda-feira (25), a régua que mede o nível do Rio Branco apontava para -39 centímetros, o que representa um crescimento de 30 cm em sete dias. O nível do rio voltou a subir após as chuvas dos últimos dias no estado.
As últimas atualizações da Agência Nacional de Águas indicaram que o rio atingiu o nível positivo na tarde desse domingo (31), quando chegou a 0,01 m. Ele chegou aos 9 centímetros positivos às 3h15 de hoje.
Mesmo com a subida do nível de água nesta segunda-feira, as dunas de areia ainda tomam conta da paisagem no Rio Branco. Na Orla Taumanã, um dos pontos turísticos mais conhecidos de Boa Vista, onde era possível ver o rio correndo, agora dá até para caminhar por debaixo da estrutura.
Roraima enfrenta o período seco desde outubro, situação climática que deve se estender até abril. Além de lidar com a seca, o estado lidera o número de focos de calor do país em 2024. Com a falta de chuvas, rios têm secado e há ocorrências de incêndios florestais que consomem casas, animais, a vegetação e espalha fumaça poluída pelo ar.
Roraima tem boa parte do território localizado no hemisfério Norte, por isso, atualmente está na estação seca, chamada de “verão amazônico” — o período vai de outubro a março, agravado pelo fenômeno El Niño. Os meses de dezembro e janeiro são os mais secos, com registro de poucas chuvas.
Na capital, o rio Branco atende 70% da população. Os outros 30% são de poços artesianos perfurados em vários pontos de Boa Vista.
Em todo estado, a distribuição de água é feita por meio rios e de poços artesianos. Ao longo dos últimos dias, estas fontes têm registrado baixas no nível de água, o que impacta a vida de moradores de cidades como Mucajaí, onde a população tem armazenado água em baldes, Pacaraima, São João da Baliza e São Luiz — as três últimas “praticamente em colapso”.
Por conta do cenário, 14 municípios, incluindo a capital, estão em situação de emergência. São eles: Amajari, Alto Alegre, Boa Vista, Cantá, Caracaraí, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Rorainópolis, Normandia, São João da Baliza, São Luiz e Uiramutã. Bonfim, cidade na fronteira com a Guiana, ao Norte do estado, é o único município que está fora da lista.
Fumaça de incêndios florestais
A falta de água não é o único problema enfrentado pela população. Roraima continua sendo consumido pelas chamas um mês após quebrar um recorde histórico e ser o estado brasileiro com o maior número focos de calor.
Para se ter ideia, o estado concentra 28% de todos os focos de incêndio registrados no Brasil, desde o início deste ano, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foram 4.039 focos de calor até o dia 31 de março. São 3,4 mil casos a mais do que o registrado durante os três primeiros meses do ano passado.
Em meio à seca, os incêndios florestais consomem casas, animais e a vegetação, espalhando fumaça pelo estado. Sensores que medem a qualidade do ar indicaram que a poluição atingiu 402 microgramas de partículas de poluição (PM 2.5) no fim da tarde do dia 24 de março.