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Sexta, 03 Mai 2024

Expedição em Terra Indígena Xingu reúne dados sobre populações de macacos ameaçados

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizou, entre os dias 18 e 31 de julho, uma expedição ao Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. O objetivo da viagem foi contribuir com o diagnóstico a respeito do estado de conservação das populações de macacos, especialmente das espécies em risco de extinção, e identificar as principais ameaças. A jornada faz parte do Projeto Impactos de Incêndios Florestais sobre Primatas em Áreas Protegidas da Amazônia (PIFPAM), realizado desde 2021, e vinculado à implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Primatas Amazônicos.

O projeto investiga a situação em áreas protegidas ao longo do Arco do Desmatamento da Amazônia brasileira, região que possui um histórico de crimes ambientais e que concentra espécies de primatas ameaçadas de extinção. O intuito do PIFPAM é avaliar os impactos dos incêndios florestais sobre essas populações para gerar informações orientadoras de políticas públicas, principalmente para ações de conservação e manejo das espécies e gestão das áreas protegidas em que habitam.

Foto: Leandro Jerusalinsky/CPB ICMBio

Assim como nas expedições anteriores, a viagem ao Xingu teve como objetivo identificar as espécies de primatas e caracterizar os impactos, que são fundamentais para avaliar o estado de conservação das populações de primatas nessa relevante área florestal, que é uma zona de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. 

O trabalho foi realizado em conjunto com pesquisadores parceiros da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Ecótono, e contou com diversas atividades, como a observação de primatas e acompanhamento da seleção de áreas para implantação de trilhas de monitoramento de animais.

Além disso, ocorreu uma capacitação em métodos de monitoramento de mamíferos e aves com os moradores das aldeias Moygu e Arayo, da etnia Ikpeng, e, para os jovens com formação de ensino médio completo, foi realizada uma qualificação em métodos para abertura de trilhas e coleta de dados para o monitoramento. No campo educacional, ainda ocorreu o intercâmbio de informações e planejamento de atividades futuras com os professores do projeto de extensão 'Troca de Saberes' da UFMT, desenvolvido em parceria com a escola indígena Amuré.

Durante a expedição, foi possível observar algumas das espécies de primatas com ocorrência na região e realizar diálogos com lideranças das etnias Kaiabi, Kayapó e Tapayuna para futuros levantamentos, capacitações e monitoramentos no território. Os resultados contribuem para o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação dos Primatas Amazônicos, política pública nacional estabelecida em 2017 pelo ICMBio com o objetivo de melhorar o estado de conservação de 15 espécies ameaçadas de extinção, inclusive três que ocorrem no Parque Indígena do Xingu. Esse PAN é coordenado pelo CPB e implementado juntamente com uma rede de instituições parceiras, inclusive as que integraram esta expedição ao Xingu.

Sobre o PIFPAM

O Projeto Impactos de Incêndios Florestais sobre Primatas em Áreas Protegidas da Amazônia (PIFPAM) iniciou em 2020 e estuda os primatas em seis áreas, cada qual com as suas respectivas espécies-alvo. São cinco unidades de conservação federais: Reserva Biológica do Gurupi (Cebus kaapori, Chiropotes satanas, e Alouatta belzebul), Parque Nacional do Juruena (Lagothrix lagothricha cana e Ateles chamek), Floresta Nacional Jacundá (Mico rondoni e Ateles chamek), Reservas Extrativistas Cazumbá-Iracema e Chico Mendes (Lagothrix lagothricha cana e Ateles chamek) – e o Parque Indígena do Xingu (Ateles marginatus, Alouatta discolor, e Chiropotes utahickae).

As áreas foram selecionadas a partir de uma priorização, que considera a distribuição e ocorrência de espécies ameaçadas, a relevância da área protegida para a conservação das mesmas, as ações prioritárias indicadas no PAN Primatas Amazônicos, a disponibilidade de dados anteriores para possibilitar comparações, a análise de risco de incêndios, a análise sobre cicatrizes de fogo e a viabilidade de execução.

O PIFPAM é desenvolvido pelo CPB/ICMBio em parceria com universidades (UFAC, UFMT, UFV), ONGs (Instituto Ecótono, MIB – Muriqui Instituto de Biodiversidade, Re:wild) e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio), sendo executado com recursos de parceiros e do próprio ICMBio. 

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