Avaliação das águas de rio no Maranhão mostra presença de fósforo e nitrato

Presença de fósforo na água do rio Pindaré está relacionada a processos naturais, como mistura de rochas, ou antropogênicos, como lançamento de esgotos, detergentes, fertilizantes e pesticidas.

Um estudo realizado no Rio Pindaré, no Maranhão, analisou dados de compostos de decomposição e de fósforo presentes na água, para avaliar a qualidade ambiental e hídrica da Bacia do Rio Pindaré, especificamente para os municípios de Alto Alegre do Pindaré – Tufilândia e Pindaré-Mirim, discutindo dados desses compostos, estimativas in loco, na água da sub-bacia do Rio da Água Preta, um dos principais afluentes do Rio Pindaré, nos municípios de Zé Doca e Governador Newton Bello.

A discussão conjunta dos dados das duas áreas integrou informações para subsidiar projetos de conservação e gerenciamento dos recursos hídricos na região, com foco nas sobras mais consideradas, particularmente dos assentamentos rurais, muito comuns na Amazônia maranhense.

Rio da Água Preta, um dos afluentes do Rio Pindaré. Foto: Carlos Quartaroli

Essa sub-bacia foi escolhida por se inserir na porção amazônica do estado do Maranhão e por conter diversos assentamentos rurais, com pastagem como base agropecuária, com baixa presença de áreas agrícolas.

O Maranhão é um Estado detentor de grande potencial hídrico, possuindo doze bacias hidrográficas. No entanto, não é suficiente para garantir o fornecimento de água com qualidade para as diversas necessidades dos maranhenses. O Estado também faz parte, parcialmente, da Amazônia Legal.

Impactos 

Em razão do crescimento populacional, do aumento da atividade agropecuária e uso não sustentável dos seus recursos naturais, a Bacia do Rio Pindaré vem sofrendo diversos tipos de impactos ambientais que incluem desmatamento, cultivo do solo, lançamento de rejeitos contendo esgotos domésticos, fertilizantes e pesticidas . Os efeitos das atividades humanas na qualidade da água são, normalmente, complexos e específicos para cada região, dependendo de uma série de fatores físico-químicos e biológicos.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Marco Gomes:

“merece atenção o fato de que todos os valores apresentados estão acima do limite permitido, indicando que existem fontes de caráter antrópico felizes para o processo de aumento do fósforo na água, tendo por consequência o processo de eutrofização”.

É importante ressaltar que o nitrato é a forma mais estável de evitar no ambiente e ocorre nas águas naturais e nos lagos, podendo aumentar significativamente se os compostos nitrogenados forem carreados para os rios e lagos, provenientes de fertilizantes, atividades agrícolas ou água de esgoto. 

Há uma tendência de maiores concentrações desses compostos durante o período tropical, o que pode estar relacionado ao aumento da composição da matéria orgânica em razão do aumento da umidade, associado ao escoamento superficial de adubos e fertilizantes nitrogenados e fosfatados provenientes de áreas cultivadas a montante, incluindo uma sub-bacia do Rio da Água Preta. O jogo total apresentou picos mais elevados de concentração no período chuvoso para os três municípios, com destaques para os valores de precipitação para abril de 2020,

De acordo com Lauro Pereira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, as microbacias sob influência de pastagens apresentaram colônias menores na forma de nitrato. Um indicativo auxiliar para compreender esses níveis elevados pode estar relacionado ao processo de queimadas sequenciais para conversão de áreas de vegetação secundária.

Concentração elevada

Em 2021, no entanto, ocorreu uma concentração mais elevada no período chuvoso em comparação com o período seco no ponto em Zé Doca e Governador Newton Bello, o que reflete o processo de nitrificação favorecido pela aeração da coluna de água e confirmado pelo índice pluviométrico elevado em março.

O fosfato, da mesma forma que o fósforo total, apresentou concentrações baixas durante o período chuvoso para os dois pontos. A Bacia do Rio Pindaré foi identificada como a que mais contribui com o fósforo total para as baías de São Marcos e São José. Isso se deve ao fato de que o Rio Pindaré apresenta maior precipitação, escoamento com fluxo elevado, com altas cargas de transporte de material de diversas origens. 

Por ser parte integrante dessa bacia, o Rio da Água Preta pode sofrer influência dessas características, associadas a eventos de dinâmica de uso e cobertura da terra, como também pelo manejo inadequado do solo, apresentando assim valores anômalos de fosfato, como também de abrigo total , como o que ocorreu no período seco de 2019.

Para entender os valores de fósforo e o que eles indicam para o ambiente aquático, é necessário saber que esse elemento se encontra, naturalmente, nas formações rochosas, normalmente na forma de fosfato. Por terem alto valor nutritivo para plantas e animais, são utilizados em fertilizantes e como complementos alimentares para animais, entre outros. 

Altas concentrações de fosfato em águas podem indicar afluxo de fertilizantes, descarga de esgoto doméstico ou presença de efluentes industriais ou detergentes. Quando essas altas concentrações persistem, as algas e outras vidas mantidas começam a proliferar, eventualmente levando a uma queda na concentração de oxigênio dissolvido na água, devido à poluição da matéria orgânica. Isso afeta sensivelmente a qualidade da água, sobretudo para consumo humano.

Também participaram do estudo publicado na Revista Terceira Margem Amazônia: Antonio Leal Silva, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Anderson Pereira, da Embrapa Meio Ambiente; Sérgio Tôsto, da Embrapa Territorial; e Pedro Moreira de Sousa Junior, da UFTA. Acesse o estudo completo AQUI

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