Festival de Ópera completa 20 anos com programação especial

A programação vai trazer ao público trechos de composições de Carlos Gomes, Gershwin, Puccini, Mozart e Verdi, entre outros 

Em 2021, o Festival de Ópera do Theatro da Paz (FOTP) completa 20 anos de trajetória, ocupando o posto de segundo mais antigo do gênero no país. Em duas décadas, o Festival produziu 45 óperas, com destaque para Salomé, La Bohème, Suor Angelica, Gianni Schicchi, A Flauta Mágica e Os Pescadores de Pérolas, e recebeu um público total de mais de 144 mil pessoas.

Para celebrar essa data histórica para a cultura paraense, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em parceria com a TV Cultura do Pará (canal 2.1), realiza na próxima quinta-feira (13), às 19h30, um programa repleto de talentos do canto lírico, que será transmitido também pelo Portal Cultura e nas plataformas digitais da Secult.

A programação vai trazer ao público trechos de composições de Carlos Gomes, Gershwin, Puccini, Mozart e Verdi, as óperas La Bohème, Porgy and Bess, Un ballo in maschera, A flauta mágica e Colombo, interpretadas pelas sopranos Kézia Andrade, Luciana Tavares e Lanna Bastos, o tenor Antonio Wilson e o barítono Idaias Souto. Também serão exibidos vídeos em homenagem aos 20 anos do Festival e sobre o Curso de Formação realizado em 2020.

“Nestes 20 anos de história, o Festival de Ópera do Theatro da Paz se consolidou como uma política pública de cultura que alcançou múltiplos e extraordinários resultados. Entre eles, a valorização e profissionalização de jovens talentos da música que hoje formam nossa Orquestra Sinfônica – premiada nacionalmente. As dezenas de montagens apresentadas no palco do Da Paz formaram um público cativo e amante da ópera, além de terem servido como um excelente laboratório de qualificação para técnicos e cantores líricos que amadureceram junto com o Festival. Essa cadeia produtiva da ópera envolve centenas de profissionais e a prova do sucesso dessa política de formação é que, na edição do ano passado, 95% da equipe era formada por paraenses”, frisou Ursula Vidal, secretária de Estado de Cultura.

Foto: Divulgação

Novidades

Este ano, o Festival de Ópera traz como novidade a participação no Projeto Sons de Liberdade, desenvolvido pela Secult em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária, levando música, terapia sonora e oficinas de formação de mão de obra especializada, além de ações de qualificação e fruição de produção musical desenvolvidas nos Territórios abrangidos pelo Programa TerPaz.

O TerPaz é uma iniciativa voltada para a diminuição da vulnerabilidade social e o enfrentamento das dinâmicas da violência, a partir da articulação de ações de cidadania em sete bairros de Belém. “O Festival de Ópera levará a essas regiões oficinas de capacitação de visagistas, aderecistas e coralistas, visando promover a inclusão social dos alunos em futuras produções de espetáculos do Theatro da Paz”, destacou o diretor do Theatro da Paz e diretor-geral do FOTP, Daniel Araújo.

Já o Sons de Liberdade é uma proposta pioneira que será aplicada nas unidades prisionais do Estado. O projeto experimental propõe capacitação de mão de obra especializada para integrar a cadeia produtiva dos espetáculos artísticos, além de aplicabilidade de técnicas terapêuticas, por meio de frequências sonoras. Entre as atividades a serem realizadas, estão a exposição a essas frequências terapêuticas, meditação guiada, audição de repertório musical específico em áreas de convivência do público-alvo do projeto e oficinas de cenotecnia, figurino e visagismo, além de canto coral, esta última ministrada por facilitadores da Fundação Carlos Gomes.

“No contexto socioeconômico dos artistas e técnicos da cadeia produtiva das artes no Pará, vimos a necessidade urgente e a oportunidade de, através das ações específicas de formação, investir no setor produtivo, unindo assim a qualificação profissional com assistência social aos menos favorecidos, a reintegração de indivíduos na sociedade e inclusão social por meio das artes”, pontuou o diretor. 

Foto: Divulgação

Formação

Em 2019, com o intuito de transformar o Theatro da Paz em teatro-escola, foi criado o I Curso de Formação em Ópera, que contribuiu para a formação de 20 cantores líricos. Já em 2020, o projeto foi ampliado para 80 alunos bolsistas, entre técnicos e cantores, que necessitaram desse auxílio emergencial devido à situação de vulnerabilidade ocasionada pela pandemia. Este ano, a terceira edição do Curso, que segue em formato virtual, vai contar com 90 bolsas para cantores e técnicos de teatro e ópera. As aulas terão duração de cinco meses a partir de junho.

A grande novidade é o estreitamento da parceria entre as Secretarias de Estado de Cultura do Pará e do Amazonas, com a concessão de cinco bolsas para técnicos e cinco para cantores amazonenses. As 80 restantes são voltadas para cantores e técnicos do Pará. Para ministrar o curso, que será em formato EAD, o festival terá a participação de especialistas com reconhecimento nacional e internacional, assim como palestras e webinários direcionados à formação de profissionais da ópera e ao público em geral.

De acordo com a diretora de produção do Festival, Nandressa Nuñez, o objetivo é realizar duas ações específicas: a primeira, de cunho educacional, é o Curso de Formação em Ópera; e a segunda, de cunho social, inclui os projetos TerPaz e Sons de Liberdade. “Dessa forma, ao mesmo tempo em que o Festival deste ano busca a capacitação de mão de obra altamente especializada para atuar na cadeia produtiva da ópera, do teatro e em manifestações artístico-culturais em geral, também auxilia, por meio de bolsas de estudo, famílias que se encontram vulneráveis financeiramente”, disse.

Os cantores líricos e técnicos de teatro serão selecionados por um edital público. A formação culmina na realização de concertos virtuais gravados e a produção de uma ópera de câmara, seguindo os protocolos de prevenção à covid-19. “Na produção dessa ópera também pretendemos ter a participação dos alunos bolsistas do curso e dos alunos dos projetos, unindo em um único espetáculo artistas em formação, moradores dos territórios de periferia e custodiados do sistema penal que fazem parte deste macro projeto de reintegração social”, explicou Jena Vieira, diretora artística do Festival.

A iluminadora cênica, Julia Freitas, atua na área há nove anos. Ela conta que já foi convidada para trabalhar nas óperas Così Fan Tutte e La Serva Padrona, em 2018, como assistente de Rubens Almeida, técnico de iluminação do Theatro da Paz. “Foi nesse trabalho em parceria com o Mestre Rubens que tive oportunidade de vivenciar os bastidores e aprender muito do trabalho técnico de iluminação em ópera”, diz.

Julia soube do Curso de Formação ano passado pelas redes sociais da Secult e por indicação de amigos, e não teve dúvidas na hora de se inscrever. “Foi muito enriquecedor, o meio virtual proporcionou encontros com profissionais renomados que ofereceram muito conteúdo e trocas de experiências. O Festival foi inovador e visionário em oferecer uma oportunidade de acesso à especialização técnica dos artistas locais. Durante a pandemia, quando o setor da cultura se encontra todo parado, o curso foi muito mais que uma qualificação, foi um presente poder passar por um período turbulento estudando sobre o ofício e ainda ter ajuda financeira com a bolsa de estudos”, avalia.

Selo comemorativo

Por meio de uma votação nas plataformas digitais da Secult, o público ajudou a escolher o Selo Comemorativo de 20 anos do Festival de Ópera. A opção escolhida foi inspirada nos traços do Theatro da Paz, que foi erguido durante a Belle Époque como o primeiro teatro de ópera do Norte e um dos cinco primeiros de todo o Brasil, e carrega tradição e história ao longo desses 143 anos de existência. 

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