Trabalhos de refugiados e migrantes expostos deram cor ao Dia Mundial do Refugiado na capital roraimense
O pintor Carlos acordou cedo na manhã da última quinta-feira para se preparar para um importante evento na tarde daquele dia. Era a abertura da exposição de artistas e artesãos venezuelanos abrigados pela Operação Acolhida, e Carlos era um dos expositores.
Com 65 anos, Carlos Enrique Diaz Acuna é um dos mais de 7,5 mil refugiados e migrantes protegidos em um dos 13 abrigos da Operação Acolhida nas cidades de Boa Vista e Pacaraima em Roraima. Formado em Artes, ele foi professor de Artes Plásticas e Diretor do Museu da Universidad Central de Venezuela, em Caracas. Desde quando chegou ao Brasil em outubro de 2019, nunca mais tinha tido a oportunidade de expor seu trabalho ao grande público.
Carlos, assim como outros artistas e artesãos venezuelanos, expuseram seu trabalho no shopping Garden, um dos principais de Boa Vista, entre os dias 17 e 19 de junho, como parte da agenda que marcou o Dia Mundial do Refugiado na cidade.
Mesmo trazendo poucas coisas do seu país durante sua jornada de deslocamento forçado até o Brasil, Carlos não abandonou seus pincéis. “Eu ainda consegui trazer comigo algumas das minhas pinturas e meus materiais”, lembra. Além dele, outros vários talentosos artistas, artesãs e artesãos buscaram proteção no Brasil.
Para criar um momento de integração entre a comunidade refugiada e os moradores da cidade de Boa Vista, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e organizações parceiras promoveram a exposição.
As atividades do Dia Mundial do Refugiado foram realizadas em parceria com a Associação Voluntários para Serviço Internacional (AVSI), Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), Federação Humanitária Internacional (FFHI) e a Casa Museu do Objeto Brasileiro, com apoio da Força Tarefa Logística e Humanitária da Operação Acolhida e do shopping Garden.
Para o Acnur, parcerias como esta são fundamentais para criar oportunidades de integração local e inclusão das comunidades refugiadas e migrantes. O Dia Mundial do Refugiado é um marco para celebrar a capacidade de superação dessas pessoas, que mesmo forçadas a se deslocar, não vieram de mãos vazias e têm muito talento, experiências e conhecimentos para compartilhar e colaborar com a população local.
“Em conjunto com os parceiros, o Acnur homenageia essas pessoas por sua força e resiliência E por não desistirem de mostrar o seu trabalho. Elas têm muito a oferecer à população que as acolhe. Por isso, promover a integração é essencial neste processo de recomeço de pessoas comuns, como eu e você, mas que foram forçadas a saírem de seus lares”, enfatiza Susana Camacho, oficial de Programa do Acnur em Boa Vista.
“Creio que a exposição alcançou grande êxito”, diz seu Carlos que teve todas suas obras vendidas durante os dias de exposição, além de encomendas para trabalhos futuros. “Pessoalmente estou muito agradecido ao Acnur e às demais organizações por proporcionarem esse momento. Essa era a oportunidade que eu esperava, e quem sabe em um ano posso fazer uma exposição individual aqui em Roraima”. Carlos ainda tem esposa e filhos na Venezuela, que aguardam para se reunir com ele no Brasil.