Dia do jornalista: Fake News reforçam credibilidade do jornalismo

Atualmente basta abrir o Facebook, o Twitter ou Whatsapp para ter altas chances de ser bombardeado por falácias vindas de todas as direções. Há situações inofensivas, outras nem tanto. Um exemplo recente das chamadas Fake News, foi o caso da vereadora Marielle Franco, assassinada no mês passado, onde logo após sua morte, começaram a brotar pelas redes sociais informações mentirosas sobre a vida pessoal e política da parlamentar. 

Para combater esse tipo de propagação pela internet, mais de cem jornais brasileiros se uniram e veicularam no fim de semana do Dia da Mentira, celebrado dia 1° de abril, um anúncio da Associação Nacional de Jornais (ANJ) com o título “Verdade seja dita: a mentira não merece nem mais um dia”. 

“A iniciativa foi um sucesso, com o anúncio veiculado nos jornais impressos e em seus sites. A repercussão foi excelente. Cada vez mais, fica evidente que no mundo atual de tantas notícias falsas, desinformação, que transitam em alta velocidade pelas redes sociais, os jornais ganham importância. No impresso e no digital, os jornais são o porto seguro das informações confiáveis, são o espaço da credibilidade”, avaliou o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. 

Foto: Reprodução/Shutterstock
No texto, a ANJ lembra que “nestes tempos de tantas falsas notícias com trânsito livre pela internet, mentira deixou de ser coisa de um dia e virou companheira de todas as horas”. E aconselha os cidadãos a “conferir antes de compartilhar uma notícia se ela saiu em um veículo respeitado, como os jornais”. 

Nesse cenário propício para a propagação de mentiras e notícias falsas nas redes sociais, Pedreira destaca a importância dos jornais brasileiros se unirem contra as Fake News. “É fundamental essa união para chamar a atenção da sociedade, dos cidadãos, para os perigos das informações falsas. É altamente prejudicial para os cidadãos, na medida em que elas passam a ter uma visão equivocada da realidade, com base em informações que não são verdadeiras”, afirma. 

O diretor acrescenta que os boatos são altamente prejudicial, para as pessoas, empresas e instituições que podem até ter sua reputação destruída por eles. “Temos todos que nos unir contra esse movimento que, em última análise, é contra a própria democracia”, frisa.

Na avaliação de Pedreira, ao passo que as Fake News podem interferir nos meios de comunicações, esse cenário garante vantagens aos veículos de notícias. Segundo ele, os jornais superam o desafio do avanço tecnológico e mantém o papel de credibilidade, fundamental da atividade jornalística em defesa da democracia. 

“Os jornais e os demais produtores de conteúdo, como revistas, emissoras de rádio e de televisão, têm um ativo intransferível que é a credibilidade. Isso cresce muito no ambiente das notícias falsas. As pesquisas de opinião mostram isso: as pessoas cada vez mais confiam nos jornais, no impresso e no digital, e isso vale tanto para seus conteúdos editorial quanto para a publicidade que veiculam”. 

Punição para os boatos 

Referente as punições para quem espalhar notícias falsas, existem na Câmara dos Deputados a tramitação de Projetos de Lei como a PL ° 7.604 de 2017, que prevê a responsabilização de provedores de conteúdo nas redes sociais nesses casos. A multa seria de R$ 50 milhões no caso de a plataforma não retirar o conteúdo em até 24 horas. 

Outra PL 8.592 de 2017, inclui no Código Penal a prática de divulgar ou compartilhar, por qualquer meio de comunicação social, informação falsa ou prejudicialmente incompleta, sabendo ou devendo saber que o são. Quem cometer o ilícito pode ser condenada a pena de até dois anos.

Segundo Pedreira, tais projetos são questionáveis e ferem a liberdade de expressão. “O problema desses projetos é que eles acabam por abrir a possibilidade de restringir a liberdade de expressão das empresas jornalísticas, que já estão dentro de toda uma legislação de danos morais em casos de calúnia e difamação, e também do Direito de Resposta. Já existe a legislação que pune quem difunde mentira”, defende. “A questão então é colocar dentro dessa legislação também as plataformas digitais, como o Facebook, onde transitam as informações falsas”, acrescenta.

Desafios para as eleições 2018

De acordo com estudos da Universidade de Oxford, mais da metade da circulação de conteúdo da internet é feito por programas que simulam ações humanas de maneira padrão, capazes de influenciar pessoas e recentemente se tornaram uma arma importante usada na política. Bom exemplo desse poder, foi o impacto nas eleições dos Estados Unidos. 

Há poucos meses de eleições gerais em casa, o Brasil fica em alerta. Diante disso, o país vem tomando providência para garantir um processo eleitoral democrático e transparente. 
“Os jornais e os eleitores possam separar o joio do trigo”, finaliza o diretor executivo da ANJ.brasileiros, individualmente ou em grupos, estão criando iniciativas para checar as informações falsas que certamente circulação no período eleitoral. Essas informações falsas serão permanentemente denunciadas, para que os eleitores possam separar o joio do trigo”, finaliza o diretor executivo da ANJ. 

Saiba mais 

Após 50 milhões de usuários do Facebook terem seus dados invadidos, a partir de informações repassadas à consultoria eleitoral Cambridge Analytica, o empresário e CEO da empresa Mark Zuckerberg publicou anúncios em edições impressas nos EUA e Reino Unido, pedindo desculpas pela quebra da privacidade. 

Sobre a publicação, o presidente da ANJ, Marcelo Rech escreveu em um artigo que a decisão do Facebook de recorrer aos jornais reforça o atual cenário da era digital e mostrou a necessidade do jornalismo profissional. 

“Gradativamente, os jornais deixaram de se posicionar como meios da era pré-internet que divulgavam notícias do dia anterior para, escorados em técnica jornalística e códigos de ética, se transformarem em certificadores da realidade em uma era em que a difusão de informação virou de cabeça para baixo”, afirmou Rech.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Contaminação por mercúrio de peixes do rio Madeira é o dobro do aceitável no Amazonas

Estudo realizado pela UEA também mostrou grande presença de coliformes no Rio Negro.

Leia também

Publicidade