Como a nova onda de infecções da Covid-19 pode prejudicar o mercado amazônico

O impacto para o mercado de uma forma geral é diretamente em redução de faturamento que, por consequência, trava as oportunidades de novos empregos ou recontratações

anúncio da nova onda de infecções por Covid-19 é motivo de muita apreensão para o mercado de uma forma geral: empresariado e trabalhadores. E não é para menos. Com a continuidade de aglomerações, grandes eventos clandestinos e convivência em grupos de pessoas, os casos estão voltando a aumentar e isso é muito preocupante para a geração de empregos, que provavelmente vai entrar novamente em colapso. Essa afirmação jamais poderia ser feita de forma pessimista, mas sim realista.

Foto: Shutterstock

 A probabilidade de mais desemprego

O impacto para o mercado de uma forma geral é diretamente em redução de faturamento que, por consequência, trava as oportunidades de novos empregos ou recontratações de profissionais que tiveram seus contratos suspensos em período de pandemia. Menos faturamento = menos vagas. Nesse universo, existem dois cenários diretos que são realidades do momento que estamos passando devido à contração econômica proveniente do Covid 19: 

● Primeiro: muitos empresários estão receosos de fazerem investimentos em novas contratações, principalmente pelo fato de estar atravessando uma nova onda de infecções. De qualquer forma, uma nova onda de infecções vai novamente recolher, proporcionalmente, as pessoas em casa. Com as pessoas em casa, baixa consumo/compra direta. Ou seja, há previsão de mais uma queda de faturamento. Esse ambiente gera uma grande insegurança para novos investimentos.

● Segundo: devido a parada praticamente total do comércio por alguns meses, muitos empresários emprestaram dinheiro e outros gastaram recursos que tinham em caixa para poderem pagar suas folhas de pagamentos, sem que a decisão fosse o fechamento da empresa. Com isso, ficaram descapitalizados e sem condições de fazerem novos investimentos em novas vagas no mesmo ritmo anterior. Na prática, vamos imaginar o seguinte: um empresário que tem uma folha de pagamento de 30 mil reais passou 03meses parado, sem nenhum tipo de faturamento. Nesses 03 meses, teve um prejuízo totalizado em 90 mil reais somente com pagamentos a funcionários. Para empresas de pequeno e médio e grande porte, esse quantitativo apenas sair cria um estado significativo de calamidade financeira.

Para termos uma ideia prática, em números, do que pode acontecer, vamos usar um dado fornecido pela CDL Manaus sobre a projeção de contratações para funções temporárias de final de ano:

Nessa semana, a instituição divulgou uma projeção de redução de 47,9% em contratações de profissionais temporários, se comparado ao ano passado. Se houver a continuidade da nova onda de infecções e efetivamente não tivermos a consciência de agirmos preventivamente em nosso dia-a-dia pessoal, a projeção oficial dada por eles pode ter aumento proporcional. Ou seja, o percentual de 47,9% pode pular para 76,6% com base em uma nova redução de 63,8% dentro dos 47,9% já projetados. Não é um número bom, mas é a realidade.

E se realmente houver essa queda, quando conseguiremos nos recuperar?

Essa é uma questão que não dá para termos nenhum tipo de projeção, mesmo que de forma superficial, pelo fato de não termos nenhum anúncio oficial da tão esperada vacina. Há a previsão para que chegue no Brasil no primeiro semestre do próximo ano, entretanto, não sabemos de Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio ou Junho. O ponto mais crítico é que isso é apenas uma previsão. Até lá, teremos ainda um mercado travado e receoso com novos investimentos com base na baixa de consumo. 

Após o anúncio factual da vacina, imediatamente veremos o mercado retomar a sua de contratações, já no dia seguinte. Nenhuma empresa gosta de demitir ou estar fora de operação.Por isso, assim que a cura for anunciada, vão tentar recuperar-se do caos causado pela pandemia.

E quais setores têm previsão de crescimento após a cura?

Comércioé o primeiro a se recuperar, pois é o motor principal de reaquecimento nesse momento. Com a volta do consumo, a indústria produz e o serviço é contratado. 

Indústrianão começará a contratar de imediato, pois aumentaram o nível de produção nos últimos meses e, em seguida, tiveram o anúncio da nova onda de infecções. Isso significa que primeiro vão escoar o que produziram e está em estoque, e somente depois voltarão a elaborar novos planos de produção. 

Serviçoterá crescimento após dois ou três meses do reaquecimento do comércio, que terá os primeiros meses para refazerem fluxo de caixa financeiro com o aumento do consumo, e somente depois começarem a contratar prestadores. 

Terceiro Setor: será o último a voltar. Com o arrocho de investimentos públicos e privados, ONGs e Fundações financiadas por instituições públicas e empresas voltarão a ter atividades depois que tudo se recuperar plenamente.

E como podemos nos livrar disso? 

Poderíamos naturalmente manter o leve crescimento na geração de novas vagas, como estava ocorrendo até antes do anúncio da nova onda. Entretanto, isso será pouco provável se

– continuarmos participando de aglomerações 

– continuarmos andando em espaços públicos sem máscaras 

– relaxarmos nas medidas preventivas devido o assunto já estar “batido”

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

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