Com atletas na seleção, Belém é potência nacional no basquete paralímpico

MANAUS – A cidade de Belém completa 400 anos nesta terça-feira (12). No âmbito do esporte, a capital paraense pode se orgulhar de um projeto inovador que impulsionou o esporte paralímpico brasileiro, especialmente o basquete em cadeira de rodas: o All-Star Rodas, coordenado por Wilson Caju. Criado há 18 anos, o projeto oportunizou o ingresso de atletas paraenses na seleção brasileira e hoje atende cerca de 120 pessoas com deficiência.
Perla Assunção é uma das paraenses que disputaram o Parapan de Toronto em 2015. Foto: Divulgação/CPB
Inspirado em um projeto que conheceu pessoalmente na Inglaterra, o professor Wilson Caju batalhou para que o time atingisse seu objetivo: formar paratletas de alto rendimento. “No início foi muito difícil, tivemos muita dificuldade em adquirir as cadeiras adequadas pro basquete. Mas com ajuda de familiares, de pessoas que acreditaram no meu trabalho, hoje atendemos 120 pessoas com deficiência”, valorizou em entrevista à rádio CBN Amazônia.
Já consolidado, o projeto deve emplacar atletas paraenses nas Paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, cinco jogadoras do All-Star Rodas estão na mais recente convocação da seleção feminina do basquete em cadeira de rodas. O time também teve cinco representantes nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
Quem puxa a fila é a belenense Lia Soares, cestinha das Paralimpíadas de Londres-2012 e eleita melhor jogadora brasileira do basquete em cadeira de rodas no ano de 2015. Jogadoras como Vileide Brito e Lucicleia da Costa também se destacam no projeto.
Lia Soares teve a perna amputada depois de um atropelamento e se reinventou através do esporte. Foto: Luciana Vermell/CPB
“Nossa região às vezes é discriminada pelo afastamento dos grandes centros. E ter um projeto dentro da cidade de Belém que é a base da seleção e fez o basquete feminino ter um crescimento espetacular, é motivo de orgulho”, disse Wilson Caju, destacando ainda que o All-Star Rodas já possui 16 títulos brasileiros sem perder uma única partida.
Wilson espera que a visibilidade nas Paralimpíadas desperte a atenção do empresariado local para a obtenção de patrocínios. “Precisamos de mais cadeiras, de transporte melhor, de uma área adequada para treinamento. Mas não podemos colocar a carroça na frente dos bois. A Paralimpíada é a chance para que os empresários vejam os atletas paraenses e se sintam estimulados a apoiá-los”, projetou.
Wilson Caju foi o treinador da seleção feminina de basquete em cadeira de rodas nas duas últimas Paralimpíadas. Foto: Cristino Martins/Agência ParáFalta de acessibilidade
Prestes a comemorar quatro séculos de história, Belém ainda peca pela carência de acessibilidade, segundo Wilson Caju. “Nossa cidade arquitetonicamente foi mal elaborada. As ruas são muito estreitas, as calçadas têm problemas de nivelamento. Precisamos de um transporte mais adequado, nossas paradas [de ônibus] são inadequadas. Defendo que nenhuma construção deve se adaptar para pessoas com deficiência. Na verdade, deve-se construir já garantindo a acessibilidade de qualquer pessoa”.
Apesar disso, Caju sonha que a cidade natal e o projeto que iniciou há quase duas décadas cresçam em conjunto. “Aqui existem problemas como em todas as capitais, mas hoje podemos olhar pra Belém e dizer que a cidade cresceu muito. Que a cidade cresça ainda mais e, junto com ela, o nosso projeto também”.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Morre pioneiro da aviação em Vilhena

Ele viveu na primeira casa de alvenaria construída na cidade.

Leia também

Publicidade