Ateliê 23 apresenta histórias do Hotel Cassina com experimentos em dança e atuação

O “Cabaré in Process” encerra programação do projeto Combo 23 e está disponível nas plataformas digitais

É com o videodança “Cabaré in Process” que o Ateliê 23 apresenta experimentos em dança e atuação sobre as histórias que rondam o Hotel Cassina, também conhecido como Cabaré Chinelo, na época da Belle Époque em Manaus. A proposta cênica está disponível no Instagram e no Youtube da companhia (@atelie23), com as bailarinas Ana Camargo e Ingrid Frazão como protagonistas.

O vídeo faz parte da programação do Combo 23, projeto contemplado no Edital Prêmio Manaus de Conexões Culturais, da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), por meio da Lei nº 14.017/2020, conhecida como Lei Aldir Blanc. Segundo o diretor Taciano Soares, o “Cabaré in Process” marca o início do processo criativo do novo espetáculo do Ateliê 23, que tem estreia prevista para 2022.

Ele conta que, em dezembro de 2020, a companhia realizou um seminário de dois dias com Narciso Freitas, mestrando em História na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e participação de atores, atrizes, bailarinos, artistas circenses, sobre a prostituição no Amazonas no século passado, o que resultou nesta primeira tradução em audiovisual.

“É uma semente que plantamos e temos certeza que será um passo muito importante na nossa caminhada. Esse processo é a última ação do Combo 23, que propõe atividades dentro da perspectiva de pesquisa e manutenção do grupo e, a partir da pesquisa, agora vamos reverberar em cena o que ouvimos durante o seminário e experimentar possibilidades sobre o lugar da mulher e como a prostituição de fato se deu na época da Belle Époque”, comenta Taciano Soares. “No segundo semestre, vamos montar um grupo de estudos como continuidade na investigação, para, em 2022, começarmos a construir o espetáculo com um processo de sustentação histórica de um discurso e Narciso Freitas tem sido um aliado neste novo lugar”.

Foto: Divulgação/Ateliê 23

Adaptação para redes sociais

Por conta do isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus, o “Cabaré in Process” migrou para as plataformas digitais. O processo foi coordenado por Eric Lima, com apoio de Laury Gitana, Wilas Rodrigues e participação das bailarinas Ana Camargo e Ingrid Frazão, que também fizeram parte do seminário.

“A adaptação foi feita com o que é possível ser traduzido para as redes, que possa ser visto em celulares e computadores, mas sem perder a capacidade de conexão com o público, que é sempre nosso principal objetivo. Pensamos numa versão que compilasse tudo que ouvimos e tem um apelo feminino muito forte no contexto do cabaré que o Narciso trouxe para nós”, destaca Eric Lima. “Tudo isso embalado pela trilha que tivemos acesso durante o processo, como a música ‘Judia Rara’, que usamos de fundo para construir a cena”.

O ator reforça que a produção aconteceu à distância, com base em um roteiro sobre as questões relacionadas às mulheres e traduzidas em imagens.

“A Ana Camargo e a Ingrid Frazão também têm relação com edição de vídeo, captação de imagens e fotografia, ela trabalha com isso e colocou em prática nesta proposta”, comenta o artista.

Foto: Divulgação/Ateliê 23

Ateliê 23

Em sete anos de estrada, o Ateliê 23 tem base no Centro de Manaus desde março de 2015, na Rua Tapajós, 166, com 16 espetáculos no repertório, entre eles sucessos de público e crítica como “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas” e “Persona – Face Um”. Este último colocou em pauta o tema transfobia e ficou um ano e meio em cartaz.

Um dos poucos espaços culturais privados de Manaus, a casa da companhia de teatro abriga muitos grupos e artistas independentes para realizar ensaios, temporadas de espetáculos, encontros, lançamentos de livros, apresentações acadêmicas, debates e oficinas. O local já sediou ações promovidas pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Federação de Teatro do Amazonas (Fetam), Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Fundação Nacional de Artes (Funarte), Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Serviço Social do Comércio (Sesc).

Ao longo de cinco anos, mais de sete mil pessoas passaram pelo equipamento cultural, que tem a sala de espetáculos com capacidade para 40 lugares. Antes da pandemia, o Ateliê 23 abria as portas para o público todos os fins de semana, de fevereiro a dezembro.

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