Ensinar para transformar: educação e desenvolvimento sustentável na Amazônia

Cresce no mundo a expectativa de que a Amazônia lidere soluções de sustentabilidade, especialmente no caminho para a COP 30. Mas como preparar para enfrentar esse desafio civilizatório? A resposta passa, inevitavelmente, pela educação.

Foto: Reprodução

Por Olímpio Guarany

A Amazônia vive um tempo decisivo. As mudanças climáticas avançam com intensidade, impactando comunidades, florestas e rios. Ao mesmo tempo, cresce no mundo a expectativa de que a região lidere soluções de sustentabilidade, especialmente no caminho para a COP 30, que será realizada em Belém. Mas como preparar a Amazônia para enfrentar esse desafio civilizatório? A resposta passa, inevitavelmente, pela educação.

Educar, na Amazônia, não é apenas transmitir conhecimento. É abrir caminhos para que jovens, professores e comunidades compreendam a realidade que os cerca e sejam capazes de transformá-la. É nesse ponto que a educação se revela como pilar do desenvolvimento sustentável: sem ela, não haverá conservação da floresta, nem alternativas econômicas duradouras, nem justiça social.

A reitora da UNAMA, professora Betânia Fidalgo, em entrevista ao nosso programa Amazônia em Pauta, lembra que a educação tem papel central na formação de cidadãos críticos e conscientes. As universidades da Amazônia não formam apenas profissionais: formam líderes, articuladores sociais e agentes de mudança. Ao articular ciência, tecnologia e cultura local, a educação superior pode potencializar vocações da bioeconomia, desenvolver inovação a partir da biodiversidade e preparar quadros para enfrentar os dilemas da transição ecológica.

Mas a educação que transforma não está apenas nas universidades. No Amapá, o professor Ivan Rubens coordena o projeto “Educação para Resiliência às Mudanças Climáticas em Escolas Rurais na Amazônia Brasileira”. Ali, escolas do campo e agroextrativistas se tornam espaços de escuta, experimentação e protagonismo juvenil. Jovens de comunidades tradicionais compartilham vivências, refletem sobre as mudanças no clima e propõem soluções para o futuro de seus territórios. É a prática concreta de que a educação pode ser também resistência e inovação social.

O que une essas experiências é uma visão de futuro: só haverá Amazônia viva se houver Amazônia educada. A floresta precisa de guardiões preparados, capazes de dialogar com o conhecimento científico sem abrir mão dos saberes tradicionais. A sociedade precisa de políticas públicas que garantam acesso universal à educação de qualidade, conectada à realidade dos povos e ao desafio global da sustentabilidade.

Educar, portanto, é plantar esperança. É dar às novas gerações não apenas instrumentos técnicos, mas também consciência ética e compromisso coletivo. Ensinar para transformar é a única forma de assegurar que a Amazônia continue sendo, ao mesmo tempo, lar de povos diversos e patrimônio vital para o planeta.

Sobre o autor

Olimpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário. Realizou expedição histórica, navegando o rio Amazonas, desde a foz até o rio Napo (Peru), por onde atingiu o sopé da cordilheira dos Andes (Equador) no período 2020-2022 refazendo a saga de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia (1637-1639). Atualmente é apresentador do programa Amazônia em Pauta no canal Amazon Sat.

*O conteúdo é responsabilidade do colunista

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade