Amazônia: além das ideologias, um compromisso com a vida

"É fundamental entender que desmatar a Amazônia não apenas libera enormes quantidades de carbono, mas também destrói habitats e espécies únicas que podem conter a chave para medicamentos e tecnologias ainda desconhecidos".

Floresta Serra da Escama com cidade de Óbidos (PA) ao fundo. Julho 2021. Foto: Olímpio Guarany

Por Olimpio Guarany

Hoje, venho me posicionar diante de um argumento que infelizmente tenho ouvido: o de que a Amazônia contribui pouco para o clima global. Essa visão não só é equivocada, como também ignora evidências científicas e o papel vital que a maior floresta tropical do mundo desempenha para todos nós.

A Amazônia é um dos maiores reguladores climáticos do planeta. Ela é responsável por produzir cerca de 20% do oxigênio da Terra e atua como um dos maiores sumidouros de carbono, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Quando árvores capturam dióxido de carbono, elas combatem o aquecimento global de forma direta e indispensável.

Além disso, a floresta gera um fenômeno único chamado rios voadores: um transporte massivo de vapor d’água que alimenta chuvas em boa parte da América do Sul, incluindo regiões agrícolas essenciais para a economia brasileira. Sem a Amazônia, sofreríamos severas crises hídricas, afetando diretamente a produção de alimentos e o fornecimento de energia elétrica.

Do ponto de vista socioeconômico, a floresta sustenta mais de 30 milhões de pessoas, incluindo povos indígenas e comunidades ribeirinhas que dependem diretamente dos recursos naturais para sua sobrevivência. Além disso, a bioeconomia amazônica – baseada no uso sustentável da biodiversidade – tem o potencial de transformar a região em um polo global de inovação, gerando empregos e riqueza sem destruir o meio ambiente.

Floresta Serra da Escama, Óbidos (PA). Julho 2021. Foto: Olímpio Guarany (Drone)

Infelizmente, discursos que incentivam o desmatamento, sob o pretexto de desenvolvimento econômico, escondem intenções predatórias. Essas narrativas não trazem progresso; elas abrem caminho para a destruição. Defender a voracidade de quem só quer explorar a Amazônia sem limites é, na prática, ser contra a sustentabilidade, contra a biodiversidade e, no final das contas, contra a vida.

É fundamental entender que desmatar a Amazônia não apenas libera enormes quantidades de carbono, mas também destrói habitats e espécies únicas que podem conter a chave para medicamentos e tecnologias ainda desconhecidos. Proteger a Amazônia não é uma questão ideológica; é uma questão de sobrevivência para o Brasil e para o mundo.

A Amazônia é nosso maior patrimônio. Preservá-la é um dever de todos nós. Vamos nos unir para defender a floresta, porque, no final das contas, proteger a Amazônia é proteger a vida na Terra.

Sobre o autor

Olimpio Guarany é jornalista, documentarista, economista e professor universitário. Realizou a expedição histórica, navegando o rio Amazonas, desde a foz até o rio Napo (Peru) por onde atingiu o sopé da cordilheira dos Andes e depois subiu a Quito, Equador (2020-2022), refazendo a saga de Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia (1637-1639).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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