Usinas hidrelétricas da Amazônia: fontes de energia e de impactos ambientais

As usinas hidrelétricas produzem energia limpa e renovável, mas sua implementação pode acarretar sérios riscos socioambientais.

A busca por uma fonte de energia limpa, segura e que não prejudique o meio ambiente é pauta de incontáveis pesquisas, principalmente com o mundo voltando os olhos para a pauta ambiental, por conta das mudanças climáticas que já podem ser sentidas ao redor do globo.

O que antes era apenas especulativo e teórico, passou a afetar diretamente a vida das pessoas, com secas, derretimento das calotas polares, inundações e outros desastres climáticos. A procura de fontes de energia sustentável levou a construção das hidrelétricas, que transformam a força da água em energia renovável e limpa, sendo a principal fonte de energia do Brasil.

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O problema, entretanto, está na construção das barragens necessárias para o aproveitamento desta fonte energética, que alagam grandes áreas e geram debates entre comunidades locais e grandes empresas, principalmente quando essas construções são feitas na Amazônia.

Afetando diretamente populações indígenas, ribeirinhas e a biodiversidade local, a construção de hidrelétricas na região gera embates, pois, por um lado, tem um potencial energético gigantesco e por outro pode agravar problemas ambientais.

Tendo em vista esse contexto, conheça três das principais hidrelétricas já em operação na Amazônia, seu potencial energético e quais foram os impactos ambientais da sua implementação.

Hidrelétrica de Belo Monte (Pará)

Foto: Reprodução/Usina Hidrelétrica de Belo Monte

A maior hidrelétrica 100% brasileira, a usina de Belo Monte, localizada no Rio Xingu, no Estado do Pará, foi alvo de debates intensos entre ambientalistas, indígenas e populações ribeirinhas, e os defensores do potencial de produção energética do projeto. Desde sua concepção, representava uma ameaça direta aos povos originários da região, por facilitar a criação de uma série de represas em áreas indígenas. Por outro lado, mesmo sem operar em total capacidade, a usina gera energia suficiente para abastecer cerca de 60 milhões de residências.

Ainda hoje, as discussões acerca dos impactos da hidrelétrica não dão trégua, considerando as centenas de famílias que perderam moradia com a construção das barragens e fauna aquática do Rio Xingu, que foi completamente afetada, levando a perda de biodiversidade local e escassez de peixes que eram utilizados na alimentação das comunidades locais. 

Hidrelétrica de Balbina (Amazonas)

Foto: Reprodução/Prefeitura de Presidente Figueiredo

Localizada no estado do Amazonas, a hidrelétrica de Balbina foi construída para atender as demandas energéticas de Manaus. Todavia, sua construção inundou 2996 km² de floresta tropical, em troca da produção de apenas 112,2 MW de eletricidade, o que já é insuficiente para abastecer a capital do estado do Amazonas.

Os impactos diretos vão além do alagamento de grandes regiões do bioma amazônico, com a vegetação em decomposição por conta das usinas, o que torna a água ácida, e com o desabrigamento de cerca de um terço dos indígenas da tribo Waimiri-Atroari.

Hidrelétrica de Tucuruí (Pará)

Foto: Divulgação/Eletrobras

Criada em 1984, no estado do Pará, a hidrelétrica de Tucuruí levanta embates sociais e ambientais desde sua origem, já que a maioria de seus benefícios é destinado a empresas de alumínio, que empregam um montante minúsculo de trabalhadores em comparação aos danos ao meio ambiente que acarretam.

Como consequências sociais da construção da hidrelétrica, milhares de pessoas foram reassentadas de suas moradias; áreas de povos originários foram diretamente afetadas, tanto por alagamento quanto por estradas que tiveram que serpentear as áreas de preservação; e a alta concentração de mercúrio lançada no meio ambiente acabou contaminados peixes que eram consumidos por moradores das localidades.

Pesquisa

Essas construções representam a necessidade do estudo do impacto ambiental da construção de hidrelétricas no país, em especial na Amazônia, considerando a importância do bioma, tanto social quanto ecológica, para o mundo inteiro.

Apesar de oferecerem uma energia teoricamente limpa e renovável, a implementação dessas obras pode prejudicar muitos setores quando realizadas sem os estudos apropriados. 

Este texto foi construído com base na compilação de pesquisas ‘Hidrelétricas na Amazônia – Impactos Ambientais e sociais na tomadas de decisões sobre grandes obras’, de Philip M. Fearnside, pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que pode ser lida na íntegra AQUI.

*Diego Fernandes, estagiário sob supervisão de Clarissa Bacellar

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