Um mundo desconhecido: conheça as principais cavernas e grutas na Amazônia

Na região Norte, 3.661 cavernas e grutas foram catalogadas. Só no estado do Pará, 2.630 cavernas foram descobertas até o ano de 2019, se tornando o 2º estado com maior número

Com a biodiversidade recém-descoberta, as cavernas são ecossistemas inexplorados e pouco conhecidos pelos pesquisadores. O primeiro mapeamento começou a ser feito no fim do século XIX, com o registro de 41 cavernas. Em 2009, pouco mais de 6 mil cavernas e grutas foram catalogadas no país. Até o ano de 2019, 20.147 foram descobertas desde então, um aumento de 235% em comparação com os outros anos.

Juntamente com elas, centenas de novas espécies categorizadas como cavernícolas, incluindo peixes, crustáceos, aracnídeos e invertebrados. Além deles, paisagens, rios subterrâneos, cachoeiras, salões grandiosos, espeleotemas (rochas formadas no interior das cavernas) e formações geológicas.

Foto: Cecav/ICMBio – Anuário Estatístico 2019

 Até o momento, são conhecidas cerca de 250 espécies de animais que vivem exclusivamente dentro de cavernas (chamados de troglóbios), segundo um levantamento inédito (ainda não publicado) conduzido pelos pesquisadores Jonas Gallão e Maria Elina Bichuette, do Laboratório de Estudos Subterrâneos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “A maioria dos troglóbios é endêmica”, ou seja, são animais que só existem dentro de uma única gruta ou um único sistema de cavernas, explica Maria Elina, que é formada pela USP e também orienta alunos de pós-graduação no campus de Ribeirão Preto da USP.

Pesquisadores calculam que o número de espécies novas já coletadas, mas ainda não oficialmente descritas, pode chegar a 1 mil. “A cada nova expedição que fazemos, novas espécies vêm à tona. A fila de descrição é gigantesca”, diz o pesquisador Rodrigo Lopes Ferreira, do Setor de Biodiversidade Subterrânea da Universidade Federal de Lavras.

Na região Norte, 3.661 cavernas e grutas foram catalogadas. Só no estado do Pará, 2.630 cavernas foram descobertas até o ano de 2019, se tornando o 2º estado com maior número, ficando atrás apenas de Minas Gerais, com 8.854 desde a última contagem. 

Confira os locais de cavernas e grutas mais conhecidas da região norte:

Pará

O estado do Pará é o local onde mais abriga cavernas da região Norte, sendo o segundo maior número de cavernas e grutas do país. Com 2.630 registradas, foi construído um parque para preservação das chamadas cavernas de rochas ferríferas.

O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos fica localizado nos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, no sudeste paraense. Com o cenário formado por campos rupestres e savanas dentro da floresta tropical, é considerado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovávies (IBAMA), um tipo raro de ecossistema.

Criado por decreto presidencial no último dia 5 de junho, o Parque é resultado do licenciamento ambiental do empreendimento de mineração Ferro Carajás S11D. Com área total de 79 mil hectares, a Unidade de Conservação (UC) de proteção integral possui 59 mil hectares de floresta preservada e 377 cavernas de formatos únicos que abrigam espécies raras da fauna e flora, ameaçadas e exclusivas da região. É formado por dois platôs ferruginosos: a Serra da Bocaina, também conhecida como "Serra do Rabo", localizada entre a rodovia PA-160 e o Rio Parauapebas; e a "Serra do Tarzan", próxima à rodovia 118.

Foto: Ascom Ibama

No município de Rurópolis, existem cerca de 6 cavernas de grande importância histórica, com registros de artes rupestres. O sítio arqueológico Caverna das Mãos, possui registros de artes rupestres descobertas, localizada no no Km-120 da rodovia Transamazônica. Possui duas entradas: uma principal e outra secundária a partir de um abatimento. Na entrada secundária é possível identificar dois painéis com gravuras rupestres, um em frente ao outro. 

Foto: Divulgação

Tocantins

Com menos de 4 mil habitantes, o município de Aurora do Tocantis ou popularmente conhecida como Aurora das Cavernas, fica a 530 km da capital, Palmas. Mais conhecido por abrigar o Jalapão, a cidade possui mais de 200 cavernas catalogadas.

 Dentre elas, a Gruta do Sabiá possui diversos salões, com acesso considerado estreito e complicado. Um dos salões é conhecido como Salão da Cidade Branca, é tem como um dos trechos mais estreitos para acesso.

Foto: Divulgação

 Já na cidade de Taguatinga, a Gruta dos Caldeirões, é considerada uma das formações rochosas mais bonitas da região, a gruta situa-se a 17 km da cidade. No interior é possível conhecer uma formação rochosa, intitulada de Bolo da Noiva, com um formato que lembra um bolo de casamento. Também é possível encontrar uma cachoeira, por conta do rio que passa no seu interior.

 Amazonas

No estado do Amazonas, estão registradas cerca de 49 grutas e cavernas encontradas. No município de Presidente Figueiredo, há 133 km de Manaus, capital do estado, é possível conhecer algumas das inúmeras grutas próximas a cachoeiras para visitação e turismo. 

Foto: Reprodução / Embratur

A Caverna Refúgio da Maroaga fica localizada dentro de uma área de proteção ambiental, na estrada AM-240 para Balbina. Para acessá-la é necessário a presença de um guia turístico, para orientar durante a trilha, que leva cerca de 30 minutos de caminhada. Dentro do complexo, são mais de 400 metros de túneis e galerias que se estendem. Na entrada da caverna,possui uma queda d'água com 30 metros.

Além da Caverna do Maroaga, a chamada Gruta da Judéia é uma das mais visitadas pelos turistas que vão conhecer o local. Para acessar a gruta, é preciso dar a volta pelos paredões rochosos da Caverna do Maroaga até encontrar a entrada da galeria. 

Foto: Reprodução / Pedro Rocha Moraes

Sua paisagem consiste em uma grande galeria, com uma fissura no teto e uma queda d'água, formando uma piscina natural. O jato de água é acompanhado por raízes e cipós pendurados e, para completar a paisagem, o desgaste das paredes rochosas preenche o solo com uma fina areia branca.

Rondônia

Com 28 cavernas registradas, a maioria das grutas e cavernas que foram encontradas são localizadas próximas à cidade de Pimenta Bueno. São cerca de 16 locais registrados e catalogados com áreas de difícil acesso.

A maior caverna encontrada no estado, chamada de Caverna Buraco de Pistola, fica situada na ponta oriental da Serra dos Pacaás Novos, que marca a garganta dos urupás. Tem 20 metros de interior e 200 metros de abóbada em arco. No centro tem um lago de águas cristalinas cercado de arbustos, palmeiras e outras árvores de grande porte. 

Foto: Divulgação

A Caverna Dourada, localizada em Porto Velho, saindo do Centro até o local, é cerca de 15 km pela BR-364, sentido Cuiabá, e mais cerca de 10 km em estrada sem asfalto. A caminhada segue por dentro da mata por aproximadamente 150 metros, em uma trilha no ramal do Boto. É preciso ter cuidado para descer um barranco íngreme. É uma caverna com a extensão aproximada de 35 metros, instalada em uma encosta de um pequeno igarapé. 

Foto: Divulgação

 No estado, foi localizada uma caverna um tanto curiosa, de acordo com sua formação. Em 2005, uma caverna com cerca de 100 metros de extensão escavada e com 3 metros de altura foi descoberta no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho. O local foi descoberto por pesquisadores da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). De acordo com os pesquisadores, a caverna foi escavada há cerca de 10 mil anos atrás por preguiças gigantes, que estavam em busca de um local seco e seguro e nas paredes é possível encontrar marcas de garras. Ela é considerada a primeira paleotoca da Amazônia.

Amapá

Foto: Divulgação

O sítio arqueológico do Cunani fica a cerca de 30 km do município de Calçoene, há 363 km da capital, Macapá, e abriga as cavernas onde foram encontradas urnas funerárias indígenas que habitaram o Amapá entre os anos 1000 e 1300. Ao todo, estão registradas 13 cavernas e grutas descobertas em toda a região. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Oportunidades e desafios da produção de dendê na Amazônia paraense

O Pará possui mais de 5,5 milhões de hectares aptos para o cultivo, concentrando a produção de óleo de dendê em um número reduzido de municípios.

Leia também

Publicidade