Os municípios do sul do Amazonas enfrentam um aumento significativo nas queimadas em meio à estiagem que atinge o estado e que, segundo o governo, deve ser mais severa do que a registrada em 2023. Em Lábrea, por exemplo, os focos de calor têm impactado diretamente na saúde da população, que reclama da péssima qualidade do ar.
Conforme dados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Amazonas registrou, de 1º de janeiro até dia 6 agosto, 6.173 focos de calor, enquanto no ano passado, no mesmo período, o estado contabilizou 2.902 queimadas, um aumento de 112%.
A tendência é que esse aumento continue durante o intenso calor do verão amazônico, que já atinge a região. O professor Henrique Lopes, morador de Lábrea, conta que já tem feito o uso de máscara para evitar complicações respiratórias.
“Sempre que chega essa época de verão aqui na região eu preciso ficar usando máscara, como nesse momento que estou fora de casa por conta das constantes queimadas”, explica.
A comerciante Carmem Gomes, que sofre de asma, também tem sentido os efeitos da má qualidade do ar.
“Eu sou asmática e essa época do ano é a que mais sofro, porque a gente sai de casa e só respira fumaça. Não tem máscara que dê jeito”, afirmou.
A Secretaria de Meio Ambiente de Lábrea informou à reportagem que tem intensificou os trabalhos de conscientização da população e está atuando em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e brigadistas no combate aos incêndios registrados na região.
Lábrea no ‘ranking’ do fogo
O município de Lábrea, localizado no Sul do Amazonas, atualmente ocupa a terceira posição no ranking das dez cidades que mais queimam no país, neste ano. Dados do BDQueimadas, do Inpe, apontam que o município registrou 1.232 focos de calor. A cidade fica atrás apenas da vizinha Apuí, que contabilizou 2.042 focos de calor e de Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Corumbá (MS): 3.620
Apuí (AM): 2.042
Lábrea (AM): 1.232
Itaituba (PA): 1.042
Aquidauana (MS): 1.033
O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.
O cenário que se avizinha parece repetir 2023, quando o Amazonas registrou mais de 20 mil queimadas ambientais, sendo o segundo pior ano desde 1998, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento do bioma.