Soltura de quelônios aquáticos mostra importância da espécie para a fauna amazônica

Desde 2011, um projeto promovido no Pará já realizou a soltura de mais de 6 milhões de tartarugas.

Essenciais para a manutenção do ecossistema amazônico, os quelônios são répteis extremamente ameaçados pela ação antrópica, ou seja, por interferência humana. Algumas das principais espécies na região amazônica é a tartaruga-da-Amazônia

Com um ciclo reprodutivo sensível, que exige cuidados especiais, existem algumas iniciativas  que focam no manejo e conservação de quelônios na região. É o caso do projeto ‘Tartarugas do Xingu‘.

Desde 2011, o projeto já realizou a soltura de mais de 6 milhões de tartarugas. Em 2023, o Portal Amazônia foi convidado para acompanhar uma dessas solturas. Confira:

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

O local escolhido para a soltura é o Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, uma das principais áreas de reprodução das espécies, criada em junho de 2016. 

O projeto é realizado pela Norte Energia em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio). O biólogo e gerente de meios físicos e biótico da concessionária de energia, Roberto Silva, fala da importância dessa ação:

“Essas ações envolvem a conservação da biodiversidade em que a gente favorece que tenham mais filhotes no meio ambiente e com isso mais adultos. A importância dos quelônios, que são répteis e animais de casco, para o meio ambiente é que ele faz parte da cadeia alimentar de outras espécies, ajudam na limpeza do rio com a alimentação deles e também como dispersores de sementes, ou seja, quando eles se alimentam de frutos e essa semente é digerida por eles, é como se fosse uma quebra de dormência para que nasçam mais árvores na beira do rio”,

relata.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Ao longo do dia 3 de dezembro, quando a equipe do Portal Amazônia e do canal Amazon Sat acompanhou a soltura dos animais, foram coletadas nos ninhos 5.740 quelônios. Além da tartaruga-da-Amazônia, outras duas espécies são encontradas na região do Xingu: tracajá e pitiú.

Vale ressaltar que as tartarugas têm, em média, 1 metro e 75 kg na fase adulta. Já os tracajás alcançam 45 cm e 5 kg quando adultos, com os pitiús atingindo cerca de 4 kg e 35 cm entre as fêmeas, maiores do que os machos.

As tartarugas depositam entre 80 e 100 ovos por ninho, os tracajás entre 15 e 30 ovos e os pitiús colocam entre 20 e 25 ovos em cada ninho.

A voluntária Natalia de Souza, que participou do projeto pela primeira vez este ano, afirma que o projeto gera esperança para o futuro da espécie.

“Realmente, colocar a mão na massa, estar aqui, a gente sente a energia, sente a importância do projeto até porque a gente sabe que são poucas tartarugas que realmente chegam a vida adulta, então participar de tudo isso faz com que a gente tenha uma esperança na preservação, a gente sente a real importância do projeto”,

pontuou.

Foto: Isabelle Lima/Portal Amazônia

Acompanhamento

O monitoramento dos ovos ocorrem desde agosto por uma equipe composta por três biólogos  e 15 auxiliares. A eclosão dos ovos ocorre em meados de novembro e início de dezembro. 

Além do perigo dos predadores naturais, como urubus e garças, quando os quelônios se aglomeram para a reprodução, tornam-se presas fáceis para pessoas que utilizam a pesca do quelônio em larga escala para comércio ilegal.

Neste ano, a estimativa de soltura chega perto dos 20 mil quelônios. Contudo, são relativamente baixas: a cada 100 tartarugas soltas no rio, é provável que apenas uma chegue à vida adulta, informam os organizadores do projeto. Para as que sobrevivem, a expectativa de vida passa os 100 anos.

Confira o vídeo de como foi a experiência da equipe do Portal Amazônia com o projeto Tartarugas do Xingu:

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