SGB alerta que Rio Solimões tem 65% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica

Probabilidade é de ficar abaixo da marca de -86 cm, de 2010, em Tabatinga (AM). O Rio Negro, em Manaus (AM), tem 16% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica.

Pesquisadora Jussara Cury durante o Alerta de Vazante. Foto: Divulgação/SGB

A Bacia do Rio Amazonas enfrenta um cenário de grande seca e algumas regiões podem registrar cotas mínimas históricas. De acordo com projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 65% de probabilidade do Rio Solimões chegar à menor cota já observada em Tabatinga (AM), abaixo da marca de -86 cm, de 2010. O Rio Negro, em Manaus (AM), tem 16% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23), no Alerta de Vazante. 

O cálculo foi realizado com base na série histórica de dados e na mediana das descidas. Martinelli ressalta que foram calculadas as probabilidades para as mínimas históricas. “Mesmo as regiões que não têm altas probabilidades de atingir as mínimas históricas (o que seria o pior cenário), enfrentam uma grande seca, que afeta toda a população”. 

EstaçãoRioCota mínimaProbabilidade 
Tabatinga (AM)Solimões-86 cm (2010)65% de ficar abaixo
Fonte Boa (AM)Solimões8,02 m (2010)53% de ficar abaixo
Itapéua (AM)Solimões1,31 m (2010)31% de ficar abaixo
Beruri (AM)Purus4,07 m (2023)34% de ficar abaixo
Manaus (AM)Negro12,70 m (2023)16% de ficar abaixo
Itacoatiara (AM)Amazonas36 cm (2023)14% de ficar abaixo
Fonte: SGB

Cotas históricas

Tabatinga (AM) chegou a registrar a cota de 2 cm no início da semana, nos dias 18 e 19 de agosto, conforme dados do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas. Essa já é a 3ª menor marca da série histórica – atrás apenas das cotas de -75 cm (2023) e -86 cm (2010).

“Já temos uma seca extrema estabelecida nessa região do Alto Solimões. No Médio Solimões até Manaus (AM), ainda não foram alcançadas as cotas que trazem transtorno, mas a tendência é que isso ocorra”, disse Martinelli. Nesta semana, já começaram a ser observadas descidas mais intensificadas, da ordem de 20 cm por dia, no Rio Negro, em Manaus (AM), efeito do que ocorre em Tabatinga (AM).

O pesquisador enfatiza que as secas extremas refletem uma mudança no padrão dos regimes hidrológicos observados nos últimos 20 anos: “A gente tem vivenciado, cada vez de forma mais frequente, esses eventos hidrológicos extremos, tanto de cheia quanto de vazante. Isso tem muita relação com as mudanças climáticas”.

Políticas públicas 

Esse é o 1º Alerta de Vazante da Bacia do Rio Amazonas e tem por objetivo chamar a atenção para a intensificação da seca na região e apoiar políticas públicas que visem mitigar e prevenir seus efeitos. “É só por meio da informação que podemos planejar e investir em ações de enfrentamento a eventos extremos. Esse trabalho está alinhado à missão do SGB de gerar e disseminar conhecimento geocientífico, contribuindo para a qualidade de vida da população e desenvolvimento sustentável do país”, destaca Martinelli.

*Com informações do SGB

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