Os relatos de estiagens e vazantes severas na Amazônia Legal são cada vez mais comuns. Do Acre ao Tocantins, os cenários são preocupantes, pois a natureza e as pessoas sofrem as consequências. De acordo com o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), em 2016, choveu metade do registrado no mesmo período de 2015 na região da Bacia do Rio Araguaia. A situação ameaça a produção agrícola no Estado e ainda provoca aumento no número de queimadas.
As regiões mais prejudicadas são a Ilha do Bananal, com suas lagoas, o Parque Estadual Cantão, o Rio Urubu e o Rio Formoso, onde botos ficaram encalhado em uma lagoa. “Mas a seca tem causado prejuízo em todo o Estado. Todas as pessoas que dependem dos rios estão tendo problemas com navegabilidade, pesca, agricultura e queimadas”, disse ao Portal Amazônia o vice-presidente da Naturantins, Edson Cabral. O cultivo de soja e a fruticultura são os setores agrícolas mais afetados.
De acordo com ele, desde de junho o Tocantins mantém uma portaria que suspende as licenças para queimadas. Entretanto, agosto foi o mês com maior número de queimadas em 2016, com mais de 3 mil focos de incêndio identificados pelo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O responsável pelo Núcleo de Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos de Tocantins (Nemet), José Luiz Cabral, explica que a seca dos rios foi intensificada pelo fenômeno El Niño. Assim como em outros estados, a exemplo do Amazonas, o evento climático reduziu a quantidade de chuvas no período do inverno amazônico, quando os rios enchem. Somado a isso, as altas temperaturas do período seguinte, o verão amazônico, quando chove menos, piorou a situação.
Demanda crescente por água
Edson Cabral também avalia que, além do fator climático, outra variável também deve ser levada em conta no contexto da seca tocantinense: na Bacia do Araguaia, devido a grande densidade agrícola na região há uma demanda crescente por água. Nas palavras de José Luiz, “já acontece na região um conflito por água”.
“Mesmo em anos anteriores as pessoas já estavam sentindo falta de água no Araguaia. Isso acontece porque a demanda de água para as plantações já era maior do que os rios podiam ofertar”, revela o o vice-presidente da Naturantins. Para o gestor, a solução parte da abertura de diálogo entre o Estado e a Agência Nacional de Águas (ANA).
Atualmente Governo Estadual, através de órgãos como a Naturatins, a Defesa Civil, Nemet e o Corpo de Bombeiros monitoram e gerenciam todas as ações de combate às queimadas e falta de água.
Para José Luiz Cabral, a falta de chuva não deve persistir por muito tempo. Segundo ele, a previsão é que ainda este ano, as chuvas se intensifiquem e o rio volte ao seu nível normal. “A previsão é que aconteça um La Niña, fenômeno que traz mais chuvas para a região. Nós esperamos que isso seja o suficiente para manter a média dos rios para o próximo período de estiagem”, torce o meteorologista.