Rio Madeira, um dos maiores do país, abastece famílias, gera energia e enfrenta extremos na Amazônia

Ao todo, o Rio Madeira possui mais de 3 mil km² de extensão: um dos maiores do país e o 17º maior do mundo. Às margens do rio, em Porto Velho, vivem mais de 50 comunidades ribeirinhas que dependem das águas amarronzadas.

Pôr do sol no rio Madeira. Foto: Armando Júnior

Umas das cenas mais lindas de Porto Velho (RO) é o sol “abraçando” o rio Madeira ao se pôr, exibindo um festival de cores rosadas e alaranjadas. Quem contempla a cena se encanta com a grandiosidade do rio que é a fonte de vida para famílias que vivem às suas margens e para a biodiversidade da Amazônia, além de ser um dos braços da economia do país.

“Pros povos amazônicos ele significa tudo: parte da cultura, parte da economia, do cotidiano dessas pessoas, tanto para abastecimento, quanto para qualquer outro tipo de recurso. Ele apresenta esse valor histórico-cultural”,

comenta o doutor em geografia Michel Watanabe.

Às margens do rio, em Porto Velho, vivem mais de 50 comunidades ribeirinhas que dependem das águas amarronzadas do Madeira para a subsistência. Quem vive na cidade e possui água encanada também recebe para si uma parte do rio.

Ao todo, o Rio Madeira possui mais de 3 mil km² de extensão: um dos maiores do país e o 17º maior do mundo. Quando o assunto é vazão, o madeira sobe para a 4ª posição, com um volume de 31,2 mil metros cúbicos por segundo.

Em sua grandiosidade, o Rio Madeira abriga 40% de todas as espécies de peixes da bacia amazônica — são mais de 1,2 mil.

Foto: Reprodução/Defesa Civil de Porto Velho

Por que “Madeira”?

Segundo Michel Watanabe, o rio recebe esse nome por conta do fenômeno de “terras caídas” na calha: a água causa erosão no solo e o rio acaba “transportando” troncos e galhos de madeira caídos.

No geral, o Madeira é um rio com muitos sedimentos. De acordo com Watanabe, 50% de toda a carga de sedimentos suspeitos transportados pelo rio Amazonas vem do Madeira. Os sedimentos são o que dão a cor característica do Madeira: amarronzada.

“Vai variando ao longo do tempo entre 250 e 600 milhões de toneladas de sedimentos por ano”, comenta o pesquisador.

Economia

No Rio Madeira estão instaladas duas das maiores hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio. A energia gerada pelas turbinas abastece o país, através do Sistema Interligado Nacional (SIN)”.

Além disso, através da água do Madeira se forma um corredor logístico. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a hidrovia do Madeira é uma das mais importantes vias de transporte da região Norte: são mais de 1 mil km² de extensão navegável.

Comboio de 30 barcaças navega o rio Madeira, em Porto Velho. Foto: Reprodução/Amaggi

Outras fontes de economia que dependem das águas do rio Madeira são a pesca e o garimpo legal.

“Para o país, o rio Madeira hoje tem um papel importantíssimo. Ele tem uma importância que vai desde o morador local até o reconhecimento econômico nacional”, 

conta Michel Watanabe.

Da cheia à seca extrema

Em um período de 10 anos, o rio Madeira passou por dois eventos opostos e extremos em Rondônia:

– Em 2014, as águas do Madeira subiram gradativamente e rapidamente até atingir o recorte de 19,74 metros. Todas as comunidades ribeirinhas foram afetadas, assim como diversos bairros do municípios. Pontos históricos, cemitérios, plantações e residências ficaram cobertos por água.
Cheia histórica deixou casa, plantações e até cemitério cobertos de água em Porto Velho

-Quase 10 anos depois, em 2023, o cenário foi outro: milhares de ribeirinhos ficaram sem água e “montanhas” de pedras e bancos de areia gigantes se formaram onde antes tudo era água. A seca histórica fez o nível descer para a menor medição já vista: 1,10 metros.

*Por Jaíne Quele Cruz, do g1 Rondônia

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