Rio Branco atende a 64% das medidas analisadas pelo Instituto Cidades Sustentáveis. Foto: Pedro Devani/Secom AC
Um levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis mostrou que Rio Branco está entre as capitais brasileiras que não estão preparadas para lidar com eventos climáticos severos. De acordo com o estudo ‘Grandes desafios das capitais brasileiras”, a capital acreana cumpre alguns requisitos, mas falha em itens de engenharia para evitar deslizamentos de terra e desbarrancamentos, além da falta de sistemas de alerta para desastres.
A pesquisa considerou 25 instrumentos de políticas públicas para gestão de riscos climáticos, e mostrou que a maioria das capitais brasileiras não atendem todos as condições levadas em conta. Foram elencadas desde legislações, por exemplo, do uso e ocupação do solo, planos de contingência, sistemas de alerta antecipados aos desastres e mecanismos de auxílio à recuperação.
Baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a análise constatou que Rio Branco atende a 64% das estratégias de gestão de riscos climáticos. O número coloca o município na décima colocação do ranking, liderado por Belo Horizonte e Curitiba, empatadas com 92% de cumprimento das medidas.
Necessidade de medidas
Em entrevista à rádio CBN Amazônia Rio Branco, o coordenador de relações institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis ressaltou que nenhuma capital brasileira alcançou 100% dos requisitos. Igor Pantoja destacou que os sistemas de alerta, um dos itens que não foram cumpridos por Rio Branco, é uma importante ferramenta de preparo para a população no caso de eventos extremos.
“Rio Branco tem uma nota de 65% desses 25 instrumentos previstos pelo IBGE. Então é uma nota, vamos dizer, 6,5. Não é uma nota boa, mas também não é a pior nota. Mas acho que é importante uma cidade que está tão vulnerável às mudanças climáticas como é o Rio Branco, ela precisa ter 100% desses instrumentos o quanto antes. Hoje o rio-branquense – e não só o Rio Branquense, mas como os acreanos – sofrem muito quando uma época do ano é a cheia, e a outra seca extrema. E agora tem esse problema que é a qualidade do ar péssima e insalubre. Isso também deveria entrar como prevenção com relação a esse cuidado”, considerou.
Outro dado preocupante que consta no estudo diz respeito às emissões de CO² (gás carbônico). Rio Branco é a cidade com a segunda maior média entre as capitais, com 15,33 toneladas por habitante considerando o ano de 2022.
“A gente fez uma pesquisa no instituto esse ano e a poluição do ar é um dos principais problemas apontados pela população. E isso foi antes das queimadas. A gente fez essa pesquisa no primeiro semestre. Então, certamente se a gente fosse repetir, esse resultado ia ser ainda mais reforçado, porque o país inteiro está sofrendo com essa questão da qualidade do ar. Rio Branco está em meio à região amazônica, acho que é uma região estratégica, não só para o Brasil, até a nível mundial, a gente tem visto todas as discussões sobre isso. E claro, precisa de recursos, precisa de apoio, mas também precisa ter propostas mais claras de como combater essas queimadas, de como impedir que a população sofra com essa questão da poluição do ar, nesse caso proveniente das queimadas”, acrescentou.
*Por Victor Lebre, da Rede Amazônica AC