Rio Acre registrou 1,03 metros na manhã de terça-feira (1º), em Rio Branco. Foto: Seronilson Marinheiro
O Rio Acre registrou o terceiro pior nível dos últimos dos dez anos para o início de julho na capital acreana. O dado é da Defesa Civil de Rio Branco e corresponde a medição feita no dia 1º de julho de 2015 até este ano.
Na terça-feira (1º), o manancial marcou 2,03 metros. No copilado da Defesa Civil Municipal, apenas a medição feita no mesmo dia em 2016 (1,92 metros) e em 2024 (1,77 metros) ficam a frente do nível deste ano.
E o manancial segue com o nível das águas descendo. Nesta quarta (2), o rio marcou 2 metros. Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o coordenador do órgão municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, contou que as chuvas ficaram mais escassas a partir de maio e o cenário começou a se agravar.
“Nós monitoramos toda a bacia do Rio Acre diariamente. No mês de junho também houve um agravamento, haja visto a ausência de chuvas em toda a região, que fez com que o Rio Acre baixasse bastante”, confirmou.
De acordo com dados do Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em maio deste ano já havia sido registrado o surgimento de seca no estado acreano.
Ainda conforme a Defesa Civil Municipal, o trimestre de julho a setembro deve ser o pior do ano em relação a seca do Rio Acre.
“Estamos adentrando no terceiro trimestre, que é o pior de seca em todos os anos. Esse monitoramento nos norteia para praticarmos as ações necessárias de socorro e de resposta em relação a parte seca, seja na zona rural, seja na zona urbana de Rio Branco”, disse o coordenador.
Prejuízo
Os produtores rurais começam a sentir os impactos redução significativa do nível do Rio Acre. A seca não só afeta a navegação, mas também dificulta o escoamento da produção na capital.
“Quando chega julho, agosto, a gente tem que vir por terra, porque o Rio Acre não dá acesso porque tem pedra, pau, e não podemos passar. A produção nesse período a gente para”, disse a produtora rural Maria Giselda.
No último dia 18 de junho, representantes da Defesa Civil Estadual, da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas do Estado (Sepi), estiveram reunidos para discutir ações para conter impactos durante período de estiagem no Acre.
Uma das estratégias dos órgãos é a Operação Estiagem, que leva água para as comunidades rurais. A ação deve começar na segunda-feira (7). “Estamos fazendo as vistorias para iniciar em seguida. Creio que conseguiremos iniciar na segunda-feira”, completou Falcão.
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Mais de 64% do território em seca
Ainda segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 64% do território do estado ficou em situação de seca em maio. Um aumento de 24% em relação ao mês anterior.
Ainda conforme a agência, o Acre aparece como o estado com o maior percentual de área seca da Região Norte. Entre abril e maio, a seca moderada também cresceu: de 18% para 20% do território.
A falta de água em comunidades isoladas, rios secos já trazem prejuízos no campo. Em Rio Branco, produtores de banana têm enfrentado dificuldades para escoar a produção. O volume de chuvas ficou abaixo do esperado em maio.
*Por Taiane Lima, da Rede Amazônica AC
