Ribeirinhos cavam leito de canal que secou no Bailique durante estiagem no Amapá

Mutirão foi realizado por moradores do arquipélago no Canal do Livramento, que faz a ligação entre diversas comunidades da região.

Foto: Divulgação

Moradores do Arquipélago do Bailique, no litoral amapaense, realizaram um mutirão para cavar o leito do Canal do Livramento, na foz do Rio Amazonas, na última semana. Boa parte dos canais, responsáveis pela conexão entre as 56 comunidades existentes no conjunto de ilhas, estão praticamente intrafegáveis.

Com a estiagem intensificada em outubro, o governo do Amapá decretou no dia 23 situação de emergência em todo estado de forma preventiva. O documento garante que os municípios continuem combatendo os efeitos da estiagem.

No conjunto de ilhas o problema soma-se ao da salinização das águas e do fenômeno das “Terras Caídas”, assoreamento que vem alterando a paisagem e afetando as comunidades ribeirinhas.

Para o pescador artesanal Filico Rocha, de 54 anos, descreveu que a sobrevivência dos moradores está difícil depois que os rios e lagos onde pescavam secaram.

No Bailique, ribeirinhos cavam leito de canal que secou durante estiagem no Amapá. Foto: Divulgação

“Os nossos lagos estão bem secos. Os pescadores da piracema sobrevivem da pesca das espécies tamoatá, traíra, jiju. Após a pesca da piracema eles pescam nos lagos que são os nossos campos, mas estão bem secos. Os peixes estão todos morrendo”, disse o pescador.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a piracema?

Entre as comunidades mais afetadas estão: Ponta da Esperança, Capinal, Arraio, Livramento, Ilha das Marrequinhas, Equador, Campos do Jordão, Maranata, Igaçaba, Ponta do Bailique, Igarapé do Meio, Franquinho, Macedônia, Progresso e Freguesia.

“Todas as 56 comunidades estão sendo impactadas por conta da estiagem e do assoreamento dos igarapés. Hoje as pessoas não passam mais pelo canal. Inclusive tinha uma força-tarefa lá dos pescadores tentando escavar o canal para poder ter acesso à passagem. O Bailique vem sendo impactado, primeiro por conta das terras caídas, que durante os últimos 10 anos já levou, já foi engolido pelo rio mais de mil residências”, acrescentou o pescador.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

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