Retrospectiva 2016: Desmatamento, o grande vilão

Foto: Luiz Eduardo Miranda/Portal Amazônia

Desmatamento foi um dos vilões do ano de 2016. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 2016, a Amazônia perdeu mais de 7,9 mil quilômetros quadrados de floresta. A maior taxa de desmatamento anual desde 2008, quando a Amazônia acumulou mais de 12 mil quilômetros quadrados de florestas desmatadas. Para se ter uma ideia de tamanha destruição, toda a área desmatada em 2016 é maior que todo o território da Cisjordânia e da Faixa de Gaza juntos.

O resultado foi um aumento de 29% do desmatamento na variação entre o ano de 2016 e 2015. Os Estados que mais desmataram foram o Pará com 3025km², Mato Grosso com 1508km² e Roraima com 1394km². Um dado alarmante é que Estados que tinham até então pouca participação no desmatamento brasileiro foram os que este ano mais cresceram. O Amazonas e o Acre, que tinham até então a menor taxa de desmatamento do país, aumentaram as áreas desmatadas em seus respectivos Estados em 54% e 47%.

Dados publicados pelo Imazon corroboram o aumento do desmatamento nessas regiões. Lábrea, município ao Sul do Estado do Amazonas, é uma das regiões onde mais se destrói a floresta em todo o estado do Amazonas, uma atividade econômica que cresceu e se tornou organizada. O município entrou na lista negra do Ministério do Meio Ambiente desde 2008 e desde então tem estado na lista dos municípios que mais desmatam segundo órgãos de monitoramento

Um dos principais motivadores do aumento da taxa de desmatamento da Amazônia é o arco do desmatamento, uma região que vai do sudeste do Pará para o oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre. Segundo artigo publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), “Modelagem da dinâmica do desmatamento de uma fronteira em expansão” o município de Lábrea é parte de um avanço contínuo arco do desmatamento por pecuaristas e madeireiros na parte sul do Amazonas.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Utilizando análises científicas a pesquisa prevê, que o efeito combinado das políticas públicas federais de integração da Amazônia referentes à reconstrução da BR-319 e a construção de duas barragens na região, além da contínua e crescente demanda do mercado para a carne bovina, vão fazer com que a região cresça rapidamente.

O estudo sugere que em 2040 o aumento do desmatamento na região deve resultar na redução de 5.1% da área de áreas protegidas criadas pelo governo federal na região. Além disso a pesquisa afirma que áreas de impacto do arco do desmatamento devem crescer com a reconstrução da BR-319 e a pavimentação da BR-230.

Desmatamento inteligente

Dados divulgados pelo Ministério Público do Pará (MPF-PA) também mostram que os grandes desmatadores da Amazônia estão utilizando técnicas científicas para fugir das lentes dos satélites de monitoramento. Desmatadores mantém as árvores com a copa mais alta e destroem as menores, mascarando o desmatamento na região.

Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Brown, uma parcela do desmatamento não está sendo detectada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). Devido a utilização de técnicas para mascarar o corte ilegal de madeira os dados que apontam o aumento do desmatamento podem ser inferiores aos reais. Na prática a pesquisa afirma que o desmatamento pode ser maior do que o publicado pelas agências de monitoramento.

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