Antes de iniciar oficialmente o manejo florestal na comunidade, todos os manejadores passaram por cursos de treinamento e capacitação realizados pelo IFT
Segundo Marcelo Galdino, coordenador do programa Florestas Comunitárias, do IFT, o PMFS começou a ser elaborado em 2018 a partir de uma oficina de construção de plano de manejo destinada exclusivamente para o grupo de manejadores locais, promovido pelo IFT, na Unidade de Conservação. “Todo o processo de elaboração do documento contou com a participação da comunidade. Desde a primeira reunião até a finalização do plano, tudo foi feito de forma participativa, ouvindo os manejadores da Unidade, ICMBio e o conselho gestor da Resex”, destaca Galdino.
No Plano de Manejo Florestal Sustentável a comunidade se propõe a promover o uso tradicional dos recursos naturais de forma sustentável, condizentes ao modo de vida da população tradicional residente no interior da Resex. Além do PMFS, uma das etapas para a comunidade receber a Autorização de Exploração Florestal (Autex), foi a construção e aprovação do Plano Operacional Anual (POA), documento que aponta quais atividades serão realizadas durante o ano de safra da exploração da madeira.
Antes de iniciar oficialmente o manejo florestal na comunidade, todos os manejadores passaram por cursos de treinamento e capacitação realizados pelo IFT. Entre os cursos ofertados estiveram Técnicas de planejamento e abertura de infraestrutura (TOI) e Técnicas especiais em derruba de árvores (TCS). “Todas essas capacitações, divididas em aulas práticas e teóricas, abordaram diversos conhecimentos destinados ao aumento da eficiência do manejo florestal, segurança e conforto no trabalho com uso de motosserras durante às diversas atividades com exploração de impacto reduzido e planejamento e abertura manual de estradas para facilitar o transporte da madeira”, afirma o técnico florestal João Adriano Lima.
Manejo florestal em área de várzea
Galdino explica que o manejo florestal madeireiro executado na Resex Mapuá é específico para áreas de várzea. A várzea é um ambiente mutável, que segue a dinâmica de cheia e seca dos rios. Por esse motivo, a extração de madeira manejada costuma ser feita em apenas três meses do ano, entre dezembro e fevereiro, quando as florestas não estão inundadas pelo nível da água.
Devido a essas condições, as estradas foram abertas de forma manual, definindo o caminho principal por onde as toras serão arrastadas até o porto de embarque para o transporte final até a serraria. Para facilitar o arraste, os manejadores utilizam um equipamento chamado ‘Tartaruga’, ideal para o arraste de toras em terrenos de várzea.
O coordenador do programa Florestas Comunitárias ressalta ainda que o manejo madeireiro não se resume à retirada e venda da madeira, ele é um conjunto de técnicas e metodologias que envolve as comunidades durante boa parte do ano. O IFT também realiza capacitações de exploração de impacto reduzido e orienta atividades prévias à extração madeireira, como o levantamento de estoque, classificação e cubagem de madeira.
lorestas Comunitárias
O assessoramento do manejo sustentável na Resex Mapuá é uma iniciativa do projeto “Florestas Comunitárias”, que tem o objetivo de apoiar a implementação de modelos de manejo florestal comunitário para uso e comercialização de madeira e açaí na localidade. O projeto conta com o apoio financeiro do BNDES, por meio do Fundo Amazônia, e com as parcerias institucionais da Caterpillar, Keila Florestal e Stihl.