Pelo menos nove rios e igarapés do Pará estão com níveis de metais tóxicos acima do permitido, após vazamento em depósito de rejeitos tóxicos de mineradora em Barcarena.
A informação consta no segundo relatório técnico do Instituto Evandro Chagas sobre denúncia de impactos ambientais e riscos à saúde humana nas atividades de processamento de bauxita da empresa Hydro, divulgado nesta quarta-feira.
O resultado dessa contaminação é água imprópria para consumo humano e pesca em diversas áreas analisadas. Marcelo Oliveira, pesquisador Instituto Evandro Chagas, afirma que a contaminação se espalhou por vários rios. As amostras de água foram coletadas entre os dias 25 de fevereiro e 8 de março.
Segundo o pesquisador, o instituto já monitorava a qualidade da água na região e que o aumento do volume de metais tóxicos coincide com o lançamento de rejeitos feito pela Hydro em fevereiro após fortes chuvas na região.
De acordo com o relatório, há níveis consideráveis de arsênio, chumbo, manganês, zinco, mercúrio, prata, cádmio, cromo, níquel, cobalto, urânio, alumínio, ferro e cobre.
Os dados da Instituto Evandro Chagas apontam que o levantamento de auto monitoramento apresentado pela empresa, para comprovar o despejo controlado e sem risco, por canais irregulares, por onde passavam efluentes não tratados, são falhos e insuficientes.
O médico e pesquisador do Instituo Evandro Chagas, Marcos Mota, destacou que ainda é preciso investigar mais sobre os danos provocados a saúde dos moradores das comunidades atingidas.
O relatório recomenda que a água potável continue a ser disponibilizada até o final do período de chuvas à comunidades como Bom Futuro e Jardim dos Cabanos, abastecidas pelo o rio Murucupi.
Indica também que essa disponibilidade precisa ser ampliada para os municípios de Barcarena e Abaetetuba nas localidades banhadas por outros rios afetados.
Para o instituto, as águas superficiais e de consumo humano no entorno do empreendimento da Hydro devem ser continuamente bio monitoradas pela empresa.
A Hydro informou que ainda não teve acesso ao conteúdo integral do relatório e que vai analisar o material antes de se pronunciar.
Disse ainda que em abril vai apresentar as conclusões de uma análise interna e outra independente, para esclarecer todos os fatos relevantes em torno dos descartes de águas da chuva e águas superficiais da área da refinaria de alumina.