Redução de unidades de conservação no Amazonas é pauta em reunião com o Ministro do Meio Ambiente

Foto: Divulgação/Instituto Socioambiental

Deputados da bancada amazonense vão se reunir nesta quarta-feira (8) com o Ministro do Meio Ambiente sobre a proposta de extinção e diminuição de Unidades de Conservação na região de Apuí, no sul do Estado do Amazonas. As unidades de conservação foram criadas durante o Governo Dilma Roussef. Segundo o gabinete do Deputado Átila Lins, um dos articuladores do projeto, a demarcação equivocada dessas terras afetou diretamente comunidades que viviam naquela região.

Uma nota de repúdio sobre o caso foi emitida por 21 organizações, entre elas o Greenpeace, a WWF e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON). O documento afirma que a área desprotegida deve ser alvo do desmatamento e faz o país perder credibilidade internacional em políticas de sustentabilidade. “Remover essa proteção de 1 milhão de hectares contribuirá para o – já notável – aumento do desmatamento na Amazônia , comprometendo também a credibilidade do Brasil diante da comunidade  internacional, influenciando negativamente a imagem conquistada após esforços bem sucedidos no combate ao desmatamento e às mudanças climáticas”, afirma a nota.

Segundo o Greenpeace, em 2016 o Brasil registrou a maior taxa de desmatamento desde 2008, alcançando quase 8 mil km². As unidades de conservação ao sul do Amazonas recebem diversas pressões ambientais do arco do desmatamento e são uma barreira para o possível avanço da destruição da floresta. Sem essas unidades o Estado do Amazonas estaria correndo o risco de ver o desmatamento avançar na região.

Este não é um caso isolado. No final de 2016 o governo federal editou duas medidas para redução de áreas de proteção ambiental no Estado do Pará. Se aprovada o Estado do Pará poderia perder quase 1 milhão de hectares de áreas protegidas. Segundo o Greenpeace, áreas de proteção ambiental já sofrem pressões do garimpo, da atividade pecuária e da grilagem no entorno. Com a diminuição e extinção das unidades de conservação, essas áreas serviriam aos interesses dessas práticas.

Um exemplo disso é a Floresta Nacional (Flona) de Urupadi. Imagens de satélites mostram que áreas de garimpo de ouro, muitas recentemente operadas e sem qualquer autorização para a atividades, estão sendo realizadas na região. A Flona fica na divisa com o Pará, onde o garimpo ilegal é uma atividade que ocorre na floresta.

Figura internacional

O Brasil é visto por outros países como um modelo de medidas de conservação e sustentabilidade. O Fundo Amazônia, recebeu 2 bilhões de reais da Noruega e Alemanha para manutenção de áreas protegidas. Segundo Cristiane Mazzetti, da campanha Amazônia do Greenpeace, com essas medidas o Brasil pode comprometer sua imagem no exterior e as parcerias internacional já presentes. “Se a proposta de redução das UC’s seguir adiante, teríamos um recado negativo com efeito duplo, incentivando  quem destrói a floresta e traindo quem, inclusive financeiramente, nos ajuda a preservá-la. É vergonhoso”, afirma Cristiane Mazzetti. 

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