Com o intuito de sensibilizar a população para o uso correto dos recursos hídricos, o curso, teórico e prático, ‘Água, responsabilidade de todos nós‘ é realizado em Manaus e em Presidente Figueiredo, no Amazonas. A atividade faz parte da programação da 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e é realizado pelo grupo de pesquisa de Recursos Hídricos em Ambientes Naturais e Impactados na Amazônia (Rhania). O curso acontece nesta quinta-feira (13), em Manaus, e sexta-feira (14), em Presidente Figueiredo.
De acordo com uma das integrantes do grupo de pesquisa Rhania, a pesquisadora da Coordenação de Dinâmica Ambiental (Cdam), Maria do Socorro Rocha da Silva, o objetivo do curso é sensibilizar as pessoas para a necessidade de praticar medidas de preservação do meio ambiente, em especial, dos recursos hídricos.
“É responsabilidade de todos nós conhecermos e ter uma visão de como se encontra a distribuição desse recurso essencial para os seres vivos em todo o mundo”, diz Rocha. “É preciso conhecer os problemas que vêm comprometendo a sua qualidade e algumas projeções do que pode acontecer, caso não se adotem medidas concretas e emergenciais para uma correção de rumos”, acrescenta.
Participará do curso cerca de 30 alunos de graduação da área ambiental do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), da Faculdade Dom Bosco, da Uninorte e Fucapi. A parte prática, que acontecerá na quinta-feira, será na Sala de Reuniões da Coordenação de Extensão (Coex), localizada no primeiro andar do Prédio da Incubadora do Inpa (Campus I). Já a parte teórica, será desenvolvida na manhã de sexta-feira, em dois rios de Presidente Figueiredo, onde será aplicado o “Protocolo de avaliação rápida de rios”.
Durante o curso, os participantes receberão informações sobre matas ciliares (formação vegetal nas margens dos córregos, lagos e nascentes), pela pesquisadora do Inpa, Ana Rosa Tundis Vital; a floresta amazônica e os rios voadores, pelo técnico do Inpa, o gestor ambiental Anthony Lopes; protocolo de avaliação em mananciais de Manaus, pela bolsista do Inpa, a química Elaine Pires; e tipologia dos rios e gestão dos recursos hídricos do Amazonas, pela pesquisadora Maria do Socorro Rocha da Silva.
A pesquisadora explica que a parte teórica dará aos alunos subsídios para entenderem a problemática da situação dos rios e igarapés. Após esta fase, na manhã do dia seguinte, será realizada a parte prática com a aplicação de um protocolo de avaliação rápida, mostrando como é fácil detectar os impactos nos mananciais. “É uma ferramenta de fácil uso e pretendemos divulgá-lo o máximo possível, porque irá ajudar os agentes ligados ao meio ambiente a cuidar dos nossos rios, lagos e igarapés”, diz Rocha.
O protocolo de avaliação rápida de rios é uma ferramenta que pode ser utilizada para avaliar as condições do ecossistema aquático, ou seja, com o auxílio de um questionário já elaborado e com pontuação estabelecida pode-se avaliar o estado em que o ambiente se encontra (normal, moderado ou impactado). O questionário é simples e pode ser utilizado por qualquer pessoa. “O nosso objetivo é divulgar, compartilhar e estender o protocolo não só para os acadêmicos, mas também para os profissionais que não estejam ligados nessa área, como os professores de escolas públicas”, destaca a pesquisadora.
De acordo com Rocha, professores e alunos de posse do protocolo podem avaliar um determinado ambiente e, por meio dos resultados, verificar se o local está normal, moderado ou impactado. “Mas essas respostas só podem ser obtidas após responder o protocolo “in loco”, porque as perguntas envolvem as características visuais do ambiente”, explica.
No trabalho de campo, em Presidente Figueiredo, serão selecionados dois ambientes e avaliada a qualidade da água. Os alunos terão oportunidade de responder o questionário em cada local e pontuar os questionários. Ao final, os acadêmicos poderão observar o ambiente para verificar se está ocorrendo impacto ou não e comparar com a análise físico-química realizada no local.
Sobre o protocolo
Um dos integrantes do grupo de pesquisa Rhania, o pesquisador Sebastião Átila Miranda, explica que os protocolos de avaliação rápida surgiram, há alguns anos, nos Estados Unidos, que tiveram a ideia de fazer esse pequeno exame rápido de uma bacia hidrográfica, utilizado alguns questionamentos, como a ocupação, a qualidade da água e outras questões que deveriam ser analisadas para dar um “ranking” para aquele local.
Átila explica que o protocolo foi adaptado em 2002 para alguns locais do Brasil pelo pesquisador Callisto da Universidade Federal de Minas Geraisb (UFMG). A partir desta adaptação brasileira, o grupo Rhania, junto com a bolsista Eliane Pires, está aperfeiçoando, desde 2011, esta ferramenta para a região amazônica. “Vários testes já foram realizados em diversos locais com resposta satisfatória, mas precisa se aperfeiçoar mais ainda”, diz o pesquisador, acrescentando que o protocolo foi objeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Pires e que se ampliado poderá ser estudo de mestrado da bolsista.