Queimadas podem reduzir expectativa de vida em até 2 anos no Acre, aponta pesquisa

Monitoramento do Greenpeace Brasil feito com satélite mostrou que as queimadas da vegetação na região diminuem a qualidade do ar por conta dos poluentes presentes nas fumaças.

Acre reforça situação de emergência ambiental por conta de agravamento da seca. Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

As queimadas podem reduzir, em até dois anos, a expectativa de vida dos moradores do Acre. Isto é o que afirma uma pesquisa divulgada pela organização ambiental Greenpeace Brasil no início de novembro, com base em dados de poluição registrados de 2019 a 2023.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O relatório mostra como a poluição do ar cresceu em áreas importantes da Amazônia, ameaça a saúde das pessoas e acelera as crises do clima e da biodiversidade.

inda segundo os dados, pesquisadores do projeto Índice de Qualidade do Ar e Vida (AQLI), da Universidade de Chicago, constataram que os estados do Acre e Amazonas tiveram média de 30 microgramas por metro cúbico (µg/m³). Veja a série histórica de 2019 a 2023:

  • 2019 – 33,4 µg/m³
  • 2020 – 35,0 µg/m³
  • 2021 – 30,1 µg/m³
  • 2022 – 34,9 µg/m³
  • 2023 – 30,9 µg/m³

Tais dados se referem ao material particulado fino no ar, medido ao longo de um ano e expresso em microgramas por metro cúbico. A título de comparação, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera aceitável 15 µg/m3.

Os pesquisadores também avaliaram que o nível médio anual de PM2,5 (µg/m³) no Acre chegou a 32,8.

Leia também: Rondônia registra menor número de queimadas da história em 2025

Queimadas podem reduzir expectativa de vida em até 2 anos no Acre, aponta pesquisa
Queimadas passam de 8,6 mil focos entre agosto de 2024 e 2025 no Acre. Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Impactos negativos das queimadas na saúde e bem estar

Segundo especialistas das áreas de saúde e meio ambiente ouvidos pelo Grupo Rede Amazônica, o fogo tem impacto direto na redução da qualidade do ar por conta de gases poluentes que resultam da queima de vegetação.

Ainda segundo Sonara, as queimadas na região da Amazônia tem se tornado cada vez mais frequentes, o que torna o fato motivo de preocupação.

“Apesar de sempre ocorrer, eram em intervalos maiores, e com os nossos estudos, é comprovado que esses incêndios tem se tornado muito mais frequentes, afetando uma quantidade de áreas cada vez maior”, afirmou a doutora em ciências de florestas tropicais, Sonaira Silva.

Para o médico infectologista Eduardo Farias, o cenário potencializa o surgimento de doenças que podem ocasionar infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Nesses locais acontece a ação de doenças respiratórias crônicas como asma, rinites e bronquite, sobretudo nas queimadas urbanas, que têm pneus velhos e produtos biológicos. Pessoas que moram perto de lixões podem desenvolver até câncer, com o tempo, por conta das partículas cancerígenas que são jogadas para a atmosfera”, complementou.

Mesmo em um cenário de redução do registro de focos de incêndio no último ano, o estudo aponta que a ocorrência de queimadas aumenta a quantidade de carbono na atmosfera, o que propicia mudanças climáticas e intensifica o efeito estufa.

O estudo também mostrou que a região Amacro, localizada entre os três estados do Amazonas, Acre e Rondônia, também conhecida como a ‘fronteira do desmatamento’, mostra que a prática das queimadas estão aumentando ao longo das estradas existentes e na abertura de novos ramais.

“Com a pesquisa, também registramos os depoimentos de comunidades, líderes locais e populações diretamente afetadas. Entre os principais efeitos observados estão os conflitos fundiários resultantes do avanço do desmatamento, a interrupção das atividades diárias e os problemas de saúde associados à inalação de fumaça”, destacou o levantamento do Greenpeace Brasil.

*Por Walace Gomes, da Rede Amazônica AC

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade