A ideia é que esta passagem de fauna sirva de modelo para as outras 70 previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do trecho do meio.
Em uma iniciativa inovadora, a WCS Brasil, em parceria com a Via Fauna Consultoria Ambiental e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), instalou, no dia 27 de julho, a primeira passagem superior de fauna na BR-319. É a primeira vez que uma rodovia na Amazônia recebe uma estrutura desse tipo antes da pavimentação.
A ideia é que a passagem de fauna, implantada no quilômetro 272, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó-Açu, sirva de modelo para as outras 70 previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do trecho do meio.
As passagens superiores de fauna estão entre as estratégias mais eficazes para mitigar os impactos de grandes empreendimentos na Amazônia, como as rodovias. Elas previnem o atropelamento de animais, mas, também, promovem a reconexão dos fragmentos florestais separados pela abertura da rodovia e contribuem para a reconexão de habitats e de espécies essencialmente arborícolas, ou seja, aquelas que vivem em árvores. Atualmente, além da BR-319, apenas a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR) conta com 30 passarelas aéreas.
As passagens superiores de fauna estão entre as estratégias mais eficazes para mitigar os impactos de grandes empreendimentos na Amazônia, como as rodovias. Elas previnem o atropelamento de animais, mas, também, promovem a reconexão dos fragmentos florestais separados pela abertura da rodovia e contribuem para a reconexão de habitats e de espécies essencialmente arborícolas, ou seja, aquelas que vivem em árvores. Atualmente, além da BR-319, apenas a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR) conta com 30 passarelas aéreas.
Construída a nível de dossel – nome técnico da parte mais alta da floresta, formada pela copa das árvores –, a estrutura foi planejada para atender especialmente aqueles animais que só se locomovem pelo alto, como boa parte dos primatas. Entre eles estão o macaco barrigudo, espécie “vulnerável” ao risco de extinção, e o macaco aranha, considerado “em perigo”, de acordo com a Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN).
Mas, além deles, espécies como o macaco zogue-zogue, quatá, sauim-da-boca-branca, e uma infinidade de outros primatas, marsupiais, roedores, répteis como bugios, preguiças, sauins, ouriços, mucuras, cuícas lagartos e iraras, também devem ser beneficiadas. Vale lembrar que 40% das espécies de primatas do Brasil estão ameaçadas de extinção e que a Amazônia concentra a maior diversidade delas.
Além de pressionado pelo avanço do desmatamento e da grilagem, o local escolhido para a implementação é singular pela alta taxa de espécies de animais e plantas que só existem nesta região.
Além das passagens aéreas, há também estruturas planejadas para atender a fauna terrestre: são as passagens inferiores de fauna, que já existem ao longo da BR-319. Pontes, passagens subterrâneas construídas exclusivamente para a travessia dos animais e drenagens adaptadas estão entre as mais comuns.
Em algumas delas, a WCS instalou armadilhas fotográficas para o monitoramento da fauna. As informações colhidas vão ajudar a nortear outras ações de mitigação.
*Texto adaptado a partir de informações gentilmente cedidas pela WCS Brasil ao Observatório BR-319