Primeira passagem superior de fauna, projetada para primatas ameaçados, é instalada na BR-319

A ideia é que esta passagem de fauna sirva de modelo para as outras 70 previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do trecho do meio.

Foto: Michael Dantas/WCS Brasil

Em uma iniciativa inovadora, a WCS Brasil, em parceria com a Via Fauna Consultoria Ambiental e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), instalou, no dia 27 de julho, a primeira passagem superior de fauna na BR-319. É a primeira vez que uma rodovia na Amazônia recebe uma estrutura desse tipo antes da pavimentação. 

A ideia é que a passagem de fauna, implantada no quilômetro 272, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Igapó-Açu, sirva de modelo para as outras 70 previstas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do trecho do meio.

As passagens superiores de fauna estão entre as estratégias mais eficazes para mitigar os impactos de grandes empreendimentos na Amazônia, como as rodovias. Elas previnem o atropelamento de animais, mas, também, promovem a reconexão dos fragmentos florestais separados pela abertura da rodovia e contribuem para a reconexão de habitats e de espécies essencialmente arborícolas, ou seja, aquelas que vivem em árvores. Atualmente, além da BR-319, apenas a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR) conta com 30 passarelas aéreas.

Foto: Michael Dantas/WCS Brasil

As passagens superiores de fauna estão entre as estratégias mais eficazes para mitigar os impactos de grandes empreendimentos na Amazônia, como as rodovias. Elas previnem o atropelamento de animais, mas, também, promovem a reconexão dos fragmentos florestais separados pela abertura da rodovia e contribuem para a reconexão de habitats e de espécies essencialmente arborícolas, ou seja, aquelas que vivem em árvores. Atualmente, além da BR-319, apenas a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR) conta com 30 passarelas aéreas.

Construída a nível de dossel – nome técnico da parte mais alta da floresta, formada pela copa das árvores –, a estrutura foi planejada para atender especialmente aqueles animais que só se locomovem pelo alto, como boa parte dos primatas. Entre eles estão o macaco barrigudo, espécie “vulnerável” ao risco de extinção, e o macaco aranha, considerado “em perigo”, de acordo com a Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN).

Mas, além deles, espécies como o macaco zogue-zogue, quatá, sauim-da-boca-branca, e uma infinidade de outros primatas, marsupiais, roedores, répteis como bugios, preguiças, sauins, ouriços, mucuras, cuícas lagartos e iraras, também devem ser beneficiadas. Vale lembrar que 40% das espécies de primatas do Brasil estão ameaçadas de extinção e que a Amazônia concentra a maior diversidade delas.

Foto: Michael Dantas/WCS Brasil

Além de pressionado pelo avanço do desmatamento e da grilagem, o local escolhido para a implementação é singular pela alta taxa de espécies de animais e plantas que só existem nesta região.

Além das passagens aéreas, há também estruturas planejadas para atender a fauna terrestre: são as passagens inferiores de fauna, que já existem ao longo da BR-319. Pontes, passagens subterrâneas construídas exclusivamente para a travessia dos animais e drenagens adaptadas estão entre as mais comuns. 

Em algumas delas, a WCS instalou armadilhas fotográficas para o monitoramento da fauna. As informações colhidas vão ajudar a nortear outras ações de mitigação.

*Texto adaptado a partir de informações gentilmente cedidas pela WCS Brasil ao Observatório BR-319

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