A luta pela preservação das águas de Manaus, Região Metropolitana (RMM) e outros municípios próximos ganha força e está provocando diversas iniciativas da sociedade civil, terceiro setor, iniciativa privada e sistema educacional do Estado e municípios. Para as ações são organizados os mutirões de limpeza e de conscientização de moradores das áreas próximas aos rios e igarapés.
Alguns dos exemplos admiráveis de ações voluntárias em prol da luta do homem pela preservação das águas dos rios amazônicos são o programa Grito D’água, Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp) e o Show das Águas, Meio Ambiente e Cidadania, o segundo, organizado pela Rede Amazônica de Televisão.
No final do ano passado, o projeto Grito D’água reuniu centenas de voluntários que recolheram 18 toneladas de lixo nos rios e igarapés na área urbana de Manaus. Na sua quinta edição, agendada para a primeira quinzena de junho, o Grito terá como lema único “A geração de uma consciência coletiva”. A expectativa dos ambientalistas e colaboradores para esta edição é de que a equipe bata a meta de recolhimento de lixo do ano passado.
O Grito D’água é composto por equipes que trabalham em duas frentes de ações, uma, na cheia dos rios amazônicos, recolhendo o lixo da chamada mata de igapó e da copa das árvores, que ficam parte encobertas pela água; e outra, na vazante, quando se formam ilhotas e faixas de areia que retêm muito lixo.
Unanimidade entre os participantes, a luta constante não desanima nem quando é preciso encarar as intempéries comuns à região, explica um dos idealizadores do Grito, o jornalista Agnaldo Oliveira. “O projeto nasceu com o objetivo de, cada vez mais, tornar perene a saúde dos mananciais amazônicos. E, apesar de às vezes, estar chovendo em nossas ações, não desanimamos”, disse o defensor ferrenho das reservas naturais.
Oliveira reforça que a cheia e a vazante dos rios amazônicos trazem sempre à tona um grande problema de todos os anos, o lixo. “São toneladas de lixo deixados nos igarapés próximos de Manaus que aparecem nas margens assim que os rios descem. E na medida em que esse lixo sobe, acaba poluindo outras áreas, como marinas e flutuantes”, alertou.
Para dar exemplo a outras gerações, o jornalista leva os filhos, Pedro Luís Oliveira de seis anos, o mascote do Grito D’água, e o jovem Luís Guilherme Oliveira, 18, que colabora como fotógrafo das equipes, para todas as ações do projeto. “O bom exemplo deve partir de nossas famílias e amigos. O que pretendemos é, cada vez mais, tornar os rios e lagos amazônicos mais limpos e, consequentemente, perenes”, finaliza.
As ações do Grito D’água são resultados de uma união de esforços entre a sociedade civil e iniciativa privada contando com o Flutuante Abaré SUP e Pontocom – Comunicação e Marketing e apoio do grupo Atem, Santa Cláudia, Pump, Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp) e Corpo de Bombeiros.
Apaixonado
Atualmente, cerca de 50 voluntários são presença contínua em todas as edições do Grito D’água, entre eles o designer Eisenhauer Rabelo, que se diz apaixonado pela natureza e por atividade física. “Foi frequentando o flutuante Abaré que pude conhecer o projeto o Grito. E desde o início venho apoiando esta causa para diminuir o nível de poluição nos igarapés do Lago do Tarumã”, salientou.
Para Rabelo, a satisfação de participar do projeto como o Grito é fantástica. “Você contribui com uma ação positiva junto à sociedade e a natureza. Sou pai de dois filhos e sempre tenho essa preocupação de não jogar nada no chão, destinar o lixo para o local adequado, e esse projeto só reforça ainda mais aquilo que acredito, de ser possível que, com o esforço de cada um diminuir o impacto ambiental na natureza e principalmente nos nossos rios”, alerta.
Com relação à mobilização, o designer conclui que ele sempre convida os amigos para participar. “Sempre levo uma ou duas pessoas que nunca participaram de uma ação de conscientização ou voluntariado. Nossas famílias sempre estão juntas participando para que o evento, a cada edição, possa ter uma proporção maior e obtenha resultados melhores para propagar cada vez mais essa mensagem da consciência ambiental”, concluiu.
Educação Ambiental
Outra ação de preservação do meio ambiente, mas especificamente de conscientização de alunos das escolas públicas sobre a preservação do meio Ambiente, é o projeto Show das Águas, Meio Ambiente e Cidadania, realizado através de uma parceria entre a Fundação Rede Amazônica e a Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc-AM).
Com 1500 participantes fixos entre professores, gestores e corpo docente, o projeto visa desenvolver ações de Educação Ambiental de forma integrada, envolvendo organizações governamentais, não governamentais e empreendedoras, no âmbito estadual e municipal de modo a estimular a cultura de cooperação, fortalecendo as parcerias institucionais e reduzindo conflitos no processo de gestão, pela falta de compatibilidade de ações e/ou por superposições de competências.
Segundo a coordenadora da Coordenação Estadual da Educação Ambiental do Amazonas, Thelma de Oliveira Prado a parceria acontece desde 2000. “Nas atividades oferecemos aos nossos alunos aulas práticas e técnicas durante uma semana de evento. São oficinas de música, atividades lúdicas, horta, dança e outras, bem como caminhadas, plantio e projeções de vídeos com a temática ambiental. É muito gratificante”, disse.
Desde a sua primeira edição, o projeto envolveu pessoas de vários municípios do Amazonas, como Manaus (3 vezes, com aproximadamente 6 mil pessoas), Presidente Figueiredo (2005, 2.800 mil), Iranduba ( 2006, 3.300 mil), Rio Preto da Eva (2008, 3 mil), Itacoatiara (2010, 2.550 mil); Novo Airão (2011, 2 mil); Autazes (2012, 3 mil), Itapiranga (2013, 3.500), Manaquiri (2014, 4 mil ), Manacapuru 2015, 6.450 participantes), Iranduba (2016, 3. 540 participantes ) e Autazes (2017,4.800 participantes). ,
Para celebrar o Dia Mundial da Água, 22 de março, deste ano a Seduc estará envolvida na Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA). “Durante esta atividade, as escolas estaduais estarão apresentando o seu Plano de Ação sobre os cuidados com esse recurso, ou os problemas que são ocasionados pela falta de cuidado com a água”, explica Thelma.
Dividido em três momentos, o projeto oferece oficinas pedagógicas e sociais para a comunidade escolar e o público em geral, realizadas em parceria com a Seduc/AM; um Fórum Científico para debate e discussão da realidade ambiental do município, ações cívico-social -Forças Armadas, e finalmente é realizado um show cultural aberto ao público com a apresentação de grupos regionais e cantores locais promovendo a integração de todos os participantes. “Com essa ação conjunta o projeto procura inovar a cada ano compartilhando o conhecimento com as populações de outros municípios do Amazonas”, concluiu a coordenadora.
O Projeto Show das Águas foi idealizado pelo ex-diretor da Fundação Rede Amazônica, Phelippe Daou. O evento acontece anualmente e oportuniza a comunidade escolar, bem como professores e estudantes da Rede Pública Estadual e municipal, além de estudantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) para conhecer, debater e propor ações mitigadoras para os problemas ambientais de cada localidade. Já a Educação Ambiental (lei nº 3.222/2008 art.1), é um componente integrante, essencial e permanente da Educação Nacional, devendo estar presente, de forma articulada, nos níveis e modalidades da Educação Básica e da Educação Superior.
Números alarmantes
De janeiro a dezembro de 2017, segundo a Semulsp, foram realizadas mais 1.500 ações de limpeza nos igarapés de Manaus, sendo coletadas 8.096 toneladas de resíduos sólidos em uma extensão de 374,7 quilômetros, o que corresponde a uma taxa de 21,6 toneladas de resíduos coletados por quilômetro. Do montante, 4.118 toneladas foram coletadas com a utilização da balsas e 3.978, na forma manual, gerando um custo médio do serviço de R$ 1.045.906,75 por mês. A tonelagem é maior que a registrada em 2016, quando foram retiradas dos rios e igarapés 6.208,610 toneladas de lixo.
A Semulsp é também responsável pela varrição das ruas da cidade evitando que o lixo chegue às margens dos rios. “A gente também tenta coletar geladeiras e colchões dos quintais das casas para que não sejam atirados aos rios; combatemos as lixeiras viciadas; realizamos limpeza da orla da cidade; e a conscientização da população sobre a importância de uma cidade limpa”, informa a assessoria da secretaria. As ações de Conscientização e Educação Ambiental na cidade são realizadas pela Comissão Especial de Divulgação e Orientação da Política de Limpeza Pública (Cedolp), da Semulsp.