Biólogo explica que o surgimento do capim-marreca, que é comumente encontrado em áreas alagadas ou pantanosas, está diretamente associado ao período de estiagem dos rios.
Se você é de Manaus (AM) e passou por regiões nos arredores da cidade, como a orla da Ponta Negra, no período pós estiagem dos rios, já deve ter percebido algumas ilhas flutuantes do que parece ser capim.
O fenômeno inclusive viralizou em algumas páginas de humor da capital:
Apesar de ser um tanto incomum, não é algo impossível de ocorrer. O capim presente nessas “ilhas” se chama capim-marreca e é um sinal de subida dos rios.
Ao Portal Amazônia, o biólogo André Menezes (@mrandrebio) explica que existem dois tipos de vegetação desse tipo: a caranana e marreca.
“Ambas são tipos de gramínea que se desenvolvem nos rios e que os ribeirinhos usam como alimento para o gado nas marombas. Esse [da postagem] especificamente se chama capim-marreca”, informou.
André explica também que o surgimento do capim-marreca, que é comumente encontrado em áreas alagadas ou pantanosas, está diretamente associado ao período de estiagem dos rios.
“Com a seca do rio, o solo se torna rico em nutrientes e, com isso, virou um ambiente propício pro desenvolvimento dessa vegetação. Aí o capim se desenvolveu no solo e formou aquele tapete imenso verde, bonito até de se ver, e quando o rio começa a subir a gente percebe que essas raízes de capim começam a se desprender e a flutuar”,
esclarece.
O “espanto” da população, segundo ele, pode ser devido ao fato de o fenômeno não ser comum na capital, mas reconhecido por quem vive ou conhece a vida em outros municípios do Estado. Contudo, com a seca extrema, que atingiu níveis recordes, a situação é diferente.
“As pessoas ficaram assustadas, porque é um fenômeno mais comum no interior, já que a seca tende a ser mais severa e chegar no solo. Não é comum isso acontecer nessa proporção na cidade. É um fenômeno inusitado, mesmo sendo possível”,
pontua.
Potencializado
Assim, apesar de ser um fenômeno natural, o biólogo relata que o surgimento dessas “ilhas” de capim-marreca pode ser agravado por questões ambientais, como a poluição dos rios e o descarte incorreto de resíduos domésticos.
“O lançamento de resíduos domésticos e o processo de poluição dos rios podem potencializar essas formações. Porque querendo ou não, o esgoto é um material rico em nutrientes, vai sofrer decomposição e gerar um ambiente propício para que a vegetação se desenvolva”,
finaliza.
O biólogo respondeu a publicação que questionava o fenômeno: