Planta amazônica que “se alimenta de lixo” é considerada a mais invasora do mundo

Nativas da Amazônia, existem várias espécies que se tornaram invasoras em outros biomas do Brasil e até de outros países.

Diferentemente do que se acredita pelo senso comum, uma espécie exótica, não é caracterizada por sua beleza ou estética. De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, uma espécie exótica – ou invasora – é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural, seu hábitat.

Apesar de não serem incomuns, as plantas invasoras causam impactos ambientais e economicamente negativos. Nativas da Amazônia, existem várias espécies que se tornaram invasoras em outros biomas do Brasil e até de outros países.

Uma destas, é a planta aquática aguapé (Eichhornia crassipes). Também conhecida como jacinto-de-água, baronesa, mururé e camelote, a aguapé é bastante conhecida por um motivo: é considerada a planta invasora mais disseminada do mundo.

Foto: Paula Frasson/Inaturalist

Enorme capacidade reprodutiva

Uma curiosidade é o fato de que essa espécie vive em ambientes poluídos. Para a aguapé, quanto mais poluído um rio ou lago, melhor, pois ela “se alimenta” de resíduos orgânicos, como lixo e esgoto.

E isso leva a uma das principais características da planta aquática: sua enorme rapidez em se reproduzir. Foi dessa forma que ela se tornou um problema global, quase como uma erva daninha nos lugares em que foi disseminada. 

Um manto nos rios 

De acordo com dados do Relatório da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Ipbes), a aguapé se espalha de tal forma que ameaça a vida aquática e torna o seu ambiente propício para a proliferação de mosquitos.

Isso se dá pelo fato de que, com o crescimento desenfreado da aguapé, a grande quantidade da planta forma uma espécie de “manto” nos rios, o que dificulta a penetração da luz e a oxigenação da água.

Ainda segundo o relatório do Ipbes, em 2019 o impacto econômico de espécies invasoras ultrapassou US$ 423 bilhões anuais, cerca de R$ 2 trilhões, na época.

Possibilidades

Alguns estudos são realizados a fim de propor uma melhor utilização do aguapé em outros contextos, como em uma pesquisa de mestrado de Engenharia Agrícola na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que comprovou a eficácia da planta em remover poluentes orgânicos de efluentes de matadouros e frigoríficos.

Além de reduzir a carga de matéria orgânica dissolvida na água, a aguapé chegou a absorver 77%  dos nutrientes associados à eutrofização (processo de poluição de corpos d’água), como nitrogênio e fósforo.

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