Três espécies de pica-paus que correm risco de extinção podem ser encontrados na Amazônia

Três das sete espécies de pica-paus que se encontram em risco de extinção no país ocorrem na região amazônica e estão divididas em 'vulnerável' e 'ameaçada'.

O inconfundível pica-pau (Celeus flavesceus) é uma ave popular em todo mundo por conta dos desenhos animados que mostravam as peculiaridades desse pássaro. Muitos podem pensar que se trata de uma espécie apenas norte-americana, mas você sabia que existem espécies encontradas na Amazônia?

O pica-pau é da ordem Piciformes da família Picidae. É uma ave que possui um hábito que diz muito sobre o seu nome popular, pois costuma usar seu afiado e resistente bico para perfurar as árvores em busca de alimentos, como pequenas larvas e insetos. Existem algumas espécies, como a Melanerpes, que também se alimentam de frutas ou da seiva de certas árvores em algumas estações.

É um animal que também possui unhas afiadas e curvas que facilitam a sua segurança na hora da escavação dos seus ninhos. Segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), existem 57 espécies registradas no Brasil até o momento.

O biólogo, mestre em gestão de áreas protegidas e analista de pesquisa e desenvolvimento do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá, Pedro Meloni Nassar, explica que os pica-paus estão presentes em todas as regiões do país e biomas e que metade do número de espécies registradas está presente na Amazônia.

“De modo geral, os animais são fáceis de serem observados onde ocorrem, espécies de áreas mais abertas podem ter mais facilidade de serem avistados pela configuração do habitat, sem distinção de estado ou cidade”, contou o biólogo ao Portal Amazônia.

De acordo com o pesquisador, são aves que possuem diferentes tamanhos, como o pica-pau-anão-dourado (Picumnus aurifrons), considerado o menor da espécie, com cerca de 7,5 cm de comprimento; e o pica-pau-rei (Campephilus robustus), cuja estatura é bem maior, chegando a medir em torno de 36 centímetros.

Nassar relatou ainda algumas curiosidades sobre os pica-paus, como a força do impacto a cada bicada nas árvores.

“Os pica-paus tem uma estrutura craniana bastante peculiar que ajuda a proteger o cérebro das fortes bicadas que dão para perfurar a madeira. Segundo alguns estudos, o cérebro é protegido por uma estrutura esponjosa localizada entre ele e o crânio. Algumas espécies suportam um impacto de até 1200 de força G. A força G de 80 a 100 pode nos causar uma concussão cerebral. A língua é bastante comprida ajudando a capturar insetos e outros invertebrados nas cavidades. Aliás, invertebrados são suas principais presas”, contou o biólogo.

Risco de extinção

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informa que uma das principais ameaças de extinção das aves amazônicas é a perda de território devido à conversão da floresta em pastagens, além dos problemas relacionados com a exploração das florestas, como o garimpo.

Segundo Nassar, três das sete espécies que se encontram em risco de extinção ocorrem na região amazônica divididas em ‘vulnerável’ e ‘ameaçada’.

Vulnerável

Picapauzinho-de-pescoço-branco (Picumnus spilogaster).

Foto: Guilherme Serpa/PhotoAves

Ameaçada

Picapauzinho-da-várzea (Picumnus varzeae).

Foto: Reprodução/Passaro.org

Pica-pau-da-taboca (Celeus obrieni).

Foto: Tulio Dornas/Blog Natureza e Conservação

A espécie pica-pau-da-taboca (Celeus obrieni), por exemplo, tem registros na região, mas não é restrita do bioma.

*Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

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