A ameaça teria ocorrido na tarde desta quarta-feira (29), durante o evento Veias Abertas da Volta Grande do Xingu, realizado em um auditório da Universidade Federal do Pará.
Acompanhados de ativistas e moradores da região da Volta Grande do Xingu, os professores e estudantes relataram à Polícia Federal e ao MPF que, a mando do prefeito da cidade, cerca de 40 pessoas teriam sido instruídas a ameaçá-los, impedindo-os de deixar o local, o que configura cárcere privado. Os agressores, segundo a denúncia, foram transportados da cidade até Belém, em um ônibus pago pelo prefeito. Por segurança, a identidade dos denunciantes é mantida em anonimato.
Em nota, o prefeito confirmou ter participado do evento e afirmou que, na ocasião, “desenvolveu meramente o papel de defender os interesses da população porfiriense”. Segundo ele, sua atuação ficou limitada a ponderações sobre os investimentos em torno do empreendimento e “o futuro das comunidades no entorno do projeto” da mineradora. “O governo municipal quer se fazer presente e ter o direito constitucional de voz”, afirmou o gestor em outro trecho do comunicado.
Processos
Atualmente, tramitam no MPF dois processos judiciais contra a Belo Sun e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará, ambos relacionados a irregularidades no licenciamento ambiental da mineradora. Além disso, a licença da instalação concedida pelo governo estadual à companhia está suspensa por ordem do Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF1).
Na mesma região da cidade de Senador José Porfírio, no sudoeste do estado, também opera a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, outro empreendimento criticado pelos impactos à comunidade local.