Famoso pelas praias de água salgada, o município de Salinópolis é um dos principais destinos dos paraenses.
Com as análises, foi possível observar uma drástica redução na quantidade e diversidade de organismos bentônicos durante o período de veraneio (julho) nas praias do Atalaia e Farol-Velho, principalmente nos primeiros 100 metros da praia, em que o fluxo de carros era maior, além do aumento da compactação do sedimento dessas praias, causado pelo maior fluxo de carros e pessoas. A praia das Corvinas, por outro lado, manteve-se constante ao longo dos meses.
“Esses resultados mostram que as atividades recreativas não gerenciadas e desordenadas causam um impacto direto na fauna da praia e nas características deste ambiente. O aumento da compactação da areia causa o aumento da erosão costeira e o aumento do fluxo de carros também diminuiu a quantidade de organismos que vivem nessa área, importantes para a base de cadeia alimentar dos ambientes marinhos, por exemplo. Esperamos que esses resultados sirvam de base para futuros estudos e planos de gerenciamento e manejo desses locais, para que os impactos ambientais nessas áreas sejam mínimos”, detalha Thuareag dos Santos, um dos autores do estudo.
O estudo faz parte da tese de doutorado de Thuareag Monteiro Trindade dos Santos, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia, em 2020. Orientado pela professora Virág Venekey, do Instituto de Ciências Biológicas, e coorientado pelo professor Marcelo Petracco, do Instituto de Geociências, ambos da UFPA, o trabalho já resultou na publicação de três artigos científicos, sendo um deles publicado na Marine Pollution Bulletin; e outro, na Marine Environmental Research, revistas reconhecidas pela divulgação de estudos na área de impacto ambiental marinho.
“O trabalho apresentou, pela primeira vez, os impactos diretos de carros e banhistas na fauna marinha bentônica em praias da região amazônica. Com ele, conseguimos mensurar que, a longo prazo, as principais praias de Salinópolis podem se transformar em uma praia deserta, por exemplo. Mas, principalmente, mostrou a importância do isolamento de algumas áreas da praia, em que a circulação dos carros e de pessoas seja restrita ou impedida, para evitar que a fauna seja permanentemente impactada, sem possibilidade de recuperação”, completa a professora Virag Venekey, coautora do estudo.
Confira a pesquisa completa, em inglês, aqui.