Peixe-balão na Amazônia: espécie de baiacu venenoso infla o corpo para intimidar predadores

Pelo menos duas espécies de baiacu são encontradas nos rios amazônicos. Eles possuem toxinas em partes do corpo que podem representar riscos a saúde humana.

Foto: Reprodução

Um peixinho com talento peculiar de inflar o próprio corpo para espantar predadores é personagem marcado nos filmes de animações. Mas se engana quem pensa que ele é exclusivo dos mares e das telinhas. O baiacu, popularmente conhecido como peixe-balão, também é encontrado nos rios amazônicos.

Segundo o biólogo Fernando Dagosta, o peixe pertence à família Tetraodontidae, que reúne cerca de 190 espécies encontradas nos oceanos tropicais de todo o mundo. Dessas, quase 30 podem viver em águas doces da América do Sul, África e Sudeste Asiático.

“As espécies amazônicas são: Sphoeroides-tocantinensis e Sphoeroides-sellus. A primeira ocorre nos rios da Amazônia Oriental, como Uatumã, Trombetas, Tapajós, Xingu e Tocantins, enquanto a segunda ocorre na na Amazônia Ocidental nos rios Madeira, Juruá, Solimões etc”, explica o especialista.

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As espécies do norte possuem características próprias, tem cerca de 15 centímetros e os traços que misturam amarelo esverdeado e preto.

Mas você sabe por que e como o baiacu infla?

A capacidade de inflar o corpo é uma adaptação evolutiva. Quando se sente ameaçado, o peixe se infla para assustar e confundir os predadores, ganhando tempo para fugir.

Ao engolirem rapidamente água, ou ar, os peixes expandem seu volume corporal de maneira súbita, tornando-se difíceis de engolir ou manipular”, explica o biólogo.

Esse mecanismo é possível graças à ausência de costelas, à musculatura especial e à flexibilidade da pele, coluna e tecidos internos.

Eles são venenosos?

Os baiacus amazônicos possuem toxinas em partes do corpo, principalmente no fígado e nos ovários. Por isso, o consumo desses peixes deve ser evitado. Assim como ocorre com outros tipos de baiacu no mundo, o veneno pode representar risco à saúde humana.

Leia também: Peixe amazônico põe ovos fora d’água e se reproduz em estações chuvosas

Sphoeroides-sellus. Foto: José Biridelli

Peculiaridade ao nadar

A característica que chama atenção no baiacu da Amazônia é a forma com que se locomove no seu habitat. Enquanto a maioria das espécies de peixe fazem movimentos ondulatórios, o baiacu nada de forma mais rígida, movimentando apenas as nadadeiras dorsal, anal e peitoral para se impulsionar. Enquanto a nadadeira caudal praticamente serve apenas como um leme que coordena a direção.

“Esse tipo de nado confere aos baiacus uma movimentação mais lenta, deixando as espécies mais vulneráveis a predadores, o que é compensado com a presença de um mecanismo de defesa de inflar o corpo”, comenta Fernando.

Características e hábitos da espécie

As duas espécies amazônicas de baiacu são bastante parecidas. Elas têm corpo arredondado, olhos grandes e ausência de nadadeiras pélvicas. As nadadeiras dorsal e anal ficam posicionadas bem atrás e de forma simétrica. Os dentes são unidos em quatro lâminas e os órgãos olfativos aparecem como tubos salientes perto dos olhos.

Ilustração do baiacu da Amazônia. Foto: Fernando Dagosta

Eles se alimentam de pequenos invertebrados aquáticos, como crustáceos, moluscos e outros animais do fundo dos rios, que conseguem esmagar com seus dentes fortes. Ambos costumam nadar sozinhos ou em grupos pequenos, com dois ou três indivíduos.

Como se reproduzem?

Ainda se sabe pouco sobre a reprodução dos baiacus amazônicos. Pesquisadores acreditam que eles desovam perto das margens dos rios, especialmente nas fozes de lagos de várzea e afluentes, durante o período da cheia. As larvas seriam levadas pela correnteza até os lagos, onde encontrariam proteção e alimento.

Essa estratégia é comum entre várias espécies de peixes da Amazônia. As larvas de baiacu costumam ser pequenas e são encontradas em locais específicos, como a foz de canais laterais. Isso indica que os ovos também são pequenos. Ainda não há informações confirmadas sobre migração reprodutiva nessas espécies.

*Por Agaminon Sales, da Rede Amazônica RO

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