No Mato Grosso, pecuária sustentável contribui para o combate ao desmatamento na região do Juara

A região de Juara é conhecida como uma das cidades do “arco do desmatamento”, além disso, há registros de incêndios florestais, exploração de madeira e garimpo.

O projeto intitulado “Estimativa de Cenários Sustentáveis por meio de modelagem computacional e sensoriamento remoto”, incentiva cerca de 250 produtores rurais da região de Juara a adotarem boas práticas na pecuária sustentável. 

Juara, situada na região central-norte de Mato Grosso, enfrenta desafios significativos relacionados ao crescimento demográfico, além de pressões intensas de desmatamento ilegal, garimpo e exploração de madeira. Diante desse contexto, profissionais da área de agronomia e ecologia têm buscado alternativas sustentáveis para o município. 

Pecuária sustentável contribui para o combate ao desmatamento – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Arco do desmatamento 

A região de Juara é conhecida como uma das cidades do “arco do desmatamento”, pois vem passando por uma rápida e contínua conversão da floresta em pastagem e lavoura. Além disso, há registros de incêndios florestais, exploração de madeira e garimpo.

Por conta do índice de degradação ambiental, Jordane Aparecida Vieira dos Reis decidiu buscar por uma solução. Ela comenta que, muitas vezes, o conhecimento acadêmico fica restrito ao ambiente da universidade, enquanto produtores rurais continuavam usando métodos que não colaboram com a floresta em pé. 

O estudo 

Considerando que adaptar o treinamento agrícola para atender melhor as preferências e necessidades dos produtores e profissionais pode melhorar as práticas de produção agrícola e o gerenciamento do sistema de cultivo a longo prazo, o objetivo principal do estudo foi desenvolver perfis básicos de agricultores e profissionais da área agrícola na região central-norte de Mato Grosso.

A pesquisa também almejou identificar as fontes e preferências de conhecimento e educação agrícola públicos e privados tanto para produtores quanto para profissionais dessa região, e também o método de extensão (como dias de campo, cursos, workshops e seminários, por exemplo) que os produtores e profissionais preferem para receber esse conhecimento e educação. 

“O projeto tinha o objetivo geral de aproximar o campo, os produtores rurais, os profissionais, jovens e crianças do meio rural, com engajamento de comunidade e impactar os produtores com a implementação de unidades demonstrativas e unidades multiplicadoras. O objetivo específico foi identificar quais fatores influenciam a tomada de decisão desse produtor. Onde eles estavam buscando o conhecimento, porque nós acreditávamos que o produtor rural era a chave principal. Ele seria uma ponte, entre levar informações da cidade para o campo”

pontua.

O estudo apontou que são necessárias iniciativas de treinamento mais específicas para os produtores e profissionais da região de Mato Grosso, com a continuação de atividades de extensão e pesquisa para apoiar a adoção de sistemas de cultivo mais diversificados e sustentáveis. Além disso, é necessário equilibrar o treinamento fornecido pelo setor privado com a extensão pública para incentivar a sustentabilidade dos sistemas de cultivo de commodities no Brasil e em outros lugares.

A agricultora Jordane conseguiu abordar o impacto ambiental da pecuária e da agricultura, e simplificar um conhecimento que antes era difícil, para uma prática descomplicada. 

“Consegui difundir o conhecimento, para que os produtores pudessem realmente pensar ‘poxa, aqui é o caminho que devemos seguir'”

comemora.

Pecuária sustentável contribui para o combate ao desmatamento – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Compartilhando informações 

A partir da realização de eventos em fazendas modelos – que já aplicam sistemas de pecuária sustentável – os produtores puderam ver que as boas práticas também são aliadas do ganho econômico.

A Unidade de Referência Tecnológica (URT) escolhida foi a Fazenda Santa Sofia, de Elcio Sguario Muchalak. Ele já era apontado como um “líder” da região, então seria um exemplo perfeito de boas práticas, que levaria outros produtores a fazer o mesmo.

“Trouxemos informações sobre como melhorar áreas de soja e milho, ajustes de adubação de culturas nos sistemas de produção deles, como tomar decisões para aumentar a sustentabilidade, ou seja, aplicamos os nossos sistemas de modelagem”

pontua o engenheiro agrônomo e pesquisador da Empaer, Wininton Mendes da Silva

“Foi um trabalho interessante para mostrar na prática algumas tomadas de decisão de manejo, que vão trazer além de mais sustentabilidade a longo prazo no sistema de produção deles, não vão impactar na produtividade, trazendo assim ganhos reais a longo prazo em relação à qualidade de solo”

explica.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.  

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