Pará pede revisão dos novos limites do Parque do Jamanxim

Representantes do Governo do Pará pediram nesta quinta-feira (12), em Brasília, a revisão ou até mesmo a revogação da medida provisória que alterou os limites de quatro Unidades de Conservação (UCs) e criou uma nova no sudoeste do Estado.

Assinada pelo presidente Michel Temer no último dia 20 de dezembro, a Medida Provisória 756/2016 cria a Área de Proteção Ambiental (APA) do Jamanxim, em Novo Progresso, e altera os limites do Parque Nacional do Rio Novo e da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim.

A alteração visa, principalmente, atender ao projeto de construção da ferrovia Ferrogrão, que liga Sinop, no Mato Grosso, ao Porto de Miritituba, no Pará. 

Foto: Divulgação/Agência Pará
Os secretários Adnan Demachki, de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), e Luiz Fernandes Rocha, de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), estiveram no Ministério das Minas e Energia em audiência com o secretário-executivo do MME, Paulo Pedrosa. O senador do Pará Flexa Ribeiro (PSDB) também participou da audiência.

Com a Medida Provisória, ficam praticamente inviabilizados mais de 400 projetos da maior importância para o desenvolvimento econômico do oeste do estado, com expectativa de geração de centenas de empregos diretos. Entre esses projetos, está o de Tocantizinho, de mineração de ouro, no município de Itaituba.

A empresa multinacional Eldorado Gold Corporation, com sede no Canadá, já realizou pesquisas e investiu cerca de R$ 200 milhões no projeto, que deve gerar 600 empregos diretos na região. O objetivo é investir, no total, cerca de US$ 503 milhões na região. O Tocantizinho faz parte do Plano Pará 2030, que prevê, entre outras medidas, a atração de novas empresas para o Estado, ampliando o desenvolvimento econômico e social por meio de projetos sustentáveis que gerem emprego e renda para a população, respeitando o meio ambiente.

Paulo Pedrosa, do Ministério das Minas e Energia, admitiu que a Medida Provisória, proposta pelo Ministério do Meio Ambiente, através do ICMBio, foi uma grande falha do governo. “Faltou mais diálogo entre os ministérios”, disse Pedrosa, e “isso agora precisa ser revisto, pois o Tocantizinho não é um projeto de interesse apenas do estado do Pará, mas é também um projeto de interesse do Brasil”. Segundo os técnicos do MME presentes à reunião, há pelo menos 400 projetos em andamento na mesma região e o da Eldorado é o maior deles.

Durante a reunião, foram sugeridas propostas para a correção da falha, inclusive o impedimento da MP no Congresso Nacional. Os secretários Adnan Demachki e Luiz Fernandes mostraram, com mapas, que ainda há grande número de áreas disponíveis para a ampliação do Parque do Jamanxim, sem que necessariamente a região do projeto seja afetada.

“Não podemos penalizar um projeto que vai gerar emprego e renda para a população paraense, ao mesmo tempo em que não podemos penalizar um projeto importante como a Ferrogrão”, disse Adnan Demachki. “Mas, há alternativas que beneficiam os dois projetos e foi isso que viemos mostrar aqui”, completou.

Ainda nesta sexta-feira, 13, representantes do governo, da empresa canadense e ministérios do Meio Ambiente e Minas e Energia vão se reunir novamente para debater o assunto e tentar encontrar uma solução.

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