Número de conflitos no campo em Roraima cresceu 50% em 2023, segundo Comissão Pastoral da Terra

Estado registrou 60 conflitos ligados à terra, água e ao trabalho escravo rural no ano passado, 20 casos a mais do que o registrado em 2022. Quatro pessoas morreram por conflitos.

O número de conflitos no campo em Roraima cresceu 50% em 2023, em comparação com o ano anterior, de acordo com um relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). No ano passado foram registrados 60 conflitos por causa de disputas de terra, água e ligados ao trabalho escravo rural. Em 2022, foram 40.

Os 60 conflitos do ano passado envolvem 48.500 pessoas, moradoras de 13 dos 15 municípios do Estado. Os dados do relatório foram divulgados dia 22.

A maior parte dos conflitos aconteceu por causa de disputas de terra, sendo 48 casos registrados por esse motivo. Destes, 45 ocorreram em terras indígenas, sendo a Terra Yanomami, a maior do Brasil, a mais atingida. 

Foto: Ailton Alves/Arquivo Rede Amazônica

A Terra Yanomami é alvo há décadas de garimpeiros ilegais, e enfrentou um avanço desenfreado da atividade ilegal nos últimos anos. A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território e o desmatamento, causa violência e conflitos armados.

Os outros motivos de conflitos foram o trabalho escravo rural, que teve nove denúncias, e a disputa por água, com dois casos. Estes conflitos ocorreram em fazendas, jóqueis, sítios, zonas rurais e também em terras indígenas.

Com relação à violência contra a pessoa, foram registrados quatro assassinatos e 13 tentativas deste crime no ano passado no estado, de acordo com o relatório da CPT. Em 2023, os indígenas foram as únicas vítimas fatais.

Uma das vítimas é um agente indígena de saúde (AIS) Yanomami, de 36 anos. Ele foi morto na comunidade Uxiu, dentro da Terra Indígena Yanomami, após um ataque de garimpeiros à comunidade. No mesmo ano, a Polícia Federal (PF) prendeu um garimpeiro suspeito de participar do crime.

Em todo o Brasil o número de conflitos no campo também cresceu e o país bateu recorde em 2023, com 2.203 casos. O número representa um aumento de 60% na comparação com 2014, o que teve mais ocorrências até então, quando foram registradas 1.339 casos por terra, água, trabalho e resistência.

O número de assassinatos no país, porém, foi o menor desde 2020, quando foram registradas 21 mortes. Em 2023, houve 31 homicídios.

O Norte é a região com mais casos de disputas, representando 35% das ocorrências, seguida do Nordeste, com 32%. Os dois estados com mais conflitos no período entre 2014 e 2023 pertencem justamente a essas regiões: o Pará, com 1.999 ocorrências, e o Maranhão, com 1.926 casos.

A Comissão Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, organiza publicações anuais sobre conflitos no campo desde 1985. São registrados os casos entendidos como ações de resistência e enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais. As disputas envolvem, por exemplo, luta por terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção. 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade