Atualmente, a ciência tem conhecimento de 27 espécies que vivem na região. Foto: Daniela Bôlla
Apesar de serem frequentemente associados a lendas e à transmissão de doenças, como a raiva, os morcegos são fundamentais para a manutenção da biodiversidade em florestas, como a área de influência da rodovia BR-319. Essas e outras informações estão disponíveis no artigo de Daniela Bôlla, doutoranda em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), publicado na seção “Ciência” do informativo do Observatório BR-319 (OBR-319).
📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp
Leia o artigo completo abaixo:
Leia também: Desmatamento aumenta presença de morcegos em áreas urbanas de Rondônia
Atualmente, a ciência tem conhecimento de 27 espécies que vivem na região. Elas costumam se abrigar em copas de árvores, sobre ou dentro de troncos e até em cupinzeiros abandonados, onde constroem suas casas. Uma delas é o morcego-de-ventosa (Thyroptera tricolor), um pequeno mamífero que pesa cerca de cinco gramas e usa ventosas nos pés e antebraços para se abrigar dentro de folhas novas de bananeiras nativas.
Eles auxiliam na agricultura por meio da polinização de plantas comerciais, como a banana, o pequi e o piquiá, além do controle de insetos-praga — um serviço que gera economia de milhões de reais em agrotóxicos anualmente.
Leia também: Longe da fama do Drácula: morcegos são dispersores de sementes na Amazônia

Leia também: Pesquisa detecta fungo causador de histoplasmose em morcegos no Acre
Há morcegos carnívoros, que controlam populações de ratos e sapos. Já outros se alimentam de frutos nativos, espalhando suas sementes em pleno voo e ajudando na regeneração de ambientes degradados e na manutenção das florestas.
“Todos nós convivemos com muitas espécies de morcegos e nem sabemos. Não são vilões, são seres extremamente importantes para que outros animais coexistam e para que nós, humanos, tenhamos comida abundante e menos envenenada por agroquímicos em nossa mesa”, comenta Bôlla.
Leia também: Expedição Amazônia: parceiros concentram estudos sobre morcegos em reservas federais

Leia também: Em 2024, desmatamento atingiu 40% das Áreas Protegidas monitoradas na área de influência da BR-319
Segundo ela, há muitas espécies a serem estudadas e outras que nem sequer foram registradas. Diante disso, a principal ameaça para esses animais é a perda de seu habitat natural.
Como uma área bem preservada da Amazônia, as florestas adjacentes à BR-319 fornecem alimento e local seguro para abrigo e reprodução, fazendo com que tenham uma relação de mútua cumplicidade com plantas e outros animais.
Leia também: Dados de desmatamento e focos de calor na BR-319 mostram cenário complexo, aponta estudo

Leia também: Nem todo fungo é vilão: a importância de sua preservação ao longo da BR-319
Diante do avanço do desmatamento na região, a especialista reitera a necessidade de lutar pela floresta em pé. “A preservação desses ecossistemas é o que garante o tão frágil equilíbrio dinâmico amazônico”, finaliza.
Daniela Bôlla é doutoranda em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estuda os morcegos há mais de 10 anos e é a primeira autora da obra “Na escuridão da Floresta Amazônica, lá estão os… morcegos da BR-319” — que também conta com versão em inglês.
*Com informações Observatório BR-319