Mineradora norueguesa volta a ser autuada no Pará pede desculpas

Foto:Reprodução/Agência Pará

A mineradora norueguesa Hydro Alunorte pediu desculpas à população de Barcarena (PA) e decidiu ampliar a reavaliação dos sistemas de tratamento de água e de gerenciamento de efluentes para toda a área da refinaria que funciona na cidade da região metropolitana de Belém, após ser novamente autuada pelo lançamento de resíduos tóxicos no Rio Pará.

“Descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no Rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita. Em nome da companhia, peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade”, disse o presidente da empresa, Svein Richard Brandtzæg, em nota.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará voltou a autuar a mineradora na última quinta-feira (15), após fiscais identificarem uma ligação entre a canaleta de escoamento de água das chuvas do galpão de carvão e o sistema de drenagem da fábrica ao lado, a Albras, que culmina no Rio Pará. Segundo a secretaria estadual, parte da água pluvial acumulada no interior do terreno da refinaria da Hydro AluNorte era lançada ao exterior por meio desta ligação clandestina sem antes passar pelo sistema de tratamento de efluentes industriais, conforme estabelece a licença de operação concedida à empresa. De acordo com a secretaria estadual, mesmo que o material despejado não se trate de resíduos diretos da produção, precisa ser tratado, pois pode estar contaminado.

“Isso ressalta a importância de uma revisão completa da AluNorte, incluindo interfaces da operação com áreas adjacentes e a situação de licenciamento da planta para verificar o cumprimento integral das licenças. Precisamos do entendimento total para que possamos implementar as ações necessárias”, acrescentou Brandtzæg.

Entre notificações e autos de infração, a autuação da última quinta-feira é a oitava sanção aplicada pela secretaria estadual à empresa. Entre elas está a determinação para a companhia reduzir suas operações e reduzir o nível de água nos depósitos de rejeitos. Até o último fim de semana, a secretaria ainda calculava o valor total das multas. Após ser notificada, a empresa terá prazo para apresentar sua defesa.

No começo de fevereiro, a mineradora contratou a empresa de consultoria brasileira SGW Serviços para avaliar o modelo de tratamento de água e verificar se o sistema de gerenciamento de efluentes da refinaria foi operado adequadamente. Posteriormente, com o surgimento de denúncias quanto à existência de pontos de despejo d´água irregulares, a empresa decidiu expandir a auditoria a fim de incluir todas as possíveis ligações entre a mineradora e as áreas ao redor. Além disso, uma auditoria interna realizada pela própria Hydro AluNorte deve revisar todas as licenças emitidas pelos órgãos responsáveis a fim de verificar a adequação da empresa à legislação do setor.

A companhia garante que a saída de água oriunda do telhado do galpão de armazenamento de carvão já foi fechado e que está trabalhando para encontrar a melhor solução para fechar também uma conexão entre a área de armazenamento de hidrato e o sistema de drenagem da fábrica vizinha. Na sexta-feira (16), a companhia anunciou ter planos de investir cerca de R$ 212 milhões de reais, ou 500 milhões de coroas norueguesas, no sistema de tratamento de água da refinaria de alumina de Barcarena, ampliando a capacidade da unidade suportar condições climáticas extremas.

A Hydro Alunorte é a maior refinaria de alumina do mundo. Emprega cerca de 2 mil pessoas e tem uma capacidade nominal de 6,3 milhões de toneladas por ano. O vazamento dos dejetos tóxicos foi denunciado por moradores de Barcarena, que, entre os dias 16 e 18 de fevereiro, notaram a alteração na cor da água de igarapés e de um rio. Dias depois, o Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, divulgou um laudo preliminar apontando que houve transbordamento dos depósitos de resíduos tóxicos, colocando em risco a saúde de moradores de ao menos três comunidades próximas. As primeiras análises de amostras do material colhido no local apontaram a presença de níveis elevados de chumbo, alumínio, sódio e outras substâncias prejudiciais à saúde humana e animal.

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