O macaco Parauacu de Vanzolini é um velho conhecido dos moradores do Vale do Juruá, a região entre o norte do Acre e o sul do Amazonas, e até faz parte do cardápio de alguns moradores tradicionais. Mas, para os primatólogos, era uma espécie não registrada desde 1956. Isso até a redescoberta, feita pelos pesquisadores André Valle Nunes, da UFMS, e José Serrano-Villavicencio, da Universidade de São Paulo, ser publicada no Journal of Species Lists and Distribution: Check List. A descoberta teve o apoio da ONG Peruana BioS e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA).
Para os cientistas, o registro de uma espécie acontece quando ela é descrita em artigos científicos revisados por outros especialistas. No caso do macaco Parauacu de Vanzolini (Pithecia vanzolinii), o último registro foi realizado há 61 anos pelo ornitólogo Fernando da Costa Novaes e pelo taxidermista M. M. Moreira, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi. As informações são do O Eco.
De lá pra cá, nenhum pesquisador registrou qualquer avistamento da espécie, da qual pouco se sabe. Entretanto, essa lacuna não significa que o Parauacu esteja ameaçado de extinção. “A espécie é classificada como Dados Deficientes (DD), segundo os critérios de ameaça da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), justamente pela falta de conhecimento sobre as suas populações e possíveis ameaças”, explica André Valle Nunes, um dos autores do estudo.
A descoberta aconteceu por acaso, durante realização de pesquisa sobre caça dentro da Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, no Acre. Um morador abateu o macaco e, a pedido do pesquisador, cedeu o exemplar, que foi enviado para o Museu de Zoologia da USP, onde foi identificado.
Para Nunes, a descoberta destaca a carência de informações sobre a fauna da região do Alto Juruá, no extremo oeste da Amazônia Ocidental: “A escassez de conhecimento fica clara, pois trata-se da redescoberta de uma espécie de primata de médio porte que é mencionado por moradores locais como um animal comum na região e costuma ser observado até mesmo em florestas que ficam no entorno da cidade de Cruzeiro do Sul”.
O primata de porte médio possui coloração negra contrastando com braços e pernas amarelas. Ainda segundo Nunes, os hábitos dessa espécie são desconhecidos, mas é altamente provável que sejam semelhante às outras espécies do gênero Pithecia que ocorrem próximas a região da redescoberta da espécie.