Foto: Robson Czaban/ICMBio
Alguns dos mais renomados cientistas da área de meio ambiente e primatologia estarão reunidos no Seminário “Áreas prioritárias para a conservação do sauim-de-coleira”, realizado pelo Instituto Sauim-de-coleira (ISC), que acontece das 8h às 11h do dia 21 de novembro no Auditório da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus (AM).
O objetivo é debater soluções para a conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), primata que é o símbolo de Manaus, mas está Criticamente em Perigo de extinção e integra a lista dos 25 primatas mais ameaçados do mundo.
O evento vai reunir nomes como o pesquisador professor Dr. Marcelo Gordo, do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), membro da equipe do estudo e coordenador do Projeto Sauim-de-coleira, que vai abordar o “Cenário de conservação do sauim-de-coleira” em palestra que acontece a partir das 9h25; a pesquisadora, líder do estudo, Dra. Ana Luisa Albernaz, do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), de Belém, a partir das 9h55, vai apresentar os resultados do estudo inédito “Identificação de áreas prioritárias para a conservação do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) no estado do Amazonas”.
Representantes da sociedade civil, de órgãos de gestão ambiental e institutos de pesquisa também foram convidados para o Seminário, que tem como público-alvo a sociedade e os diversos atores ligados à conservação ambiental.
“A proposta é debater de forma participativa o tema, para que possamos encontrar soluções e alternativas para os desafios que envolvem a conservação do sauim-de-coleira”, explicou Maurício Noronha, presidente do ISC.
De acordo com o Maurício Noronha, o objetivo do estudo é identificar, dentro dos 8.000 km2 que compõem a distribuição geográfica do sauim-de-coleira, as áreas prioritárias para a conservação desse primata, enfatizando a adequabilidade dos habitats, sua conectividade e o potencial de criação de áreas protegidas. Os resultados gerados balizarão as estratégias traçadas no Plano de Ação Nacional para a Conservação do Sauim-de-coleira (PAN SAUIM-ICMBio), assim como em políticas públicas para a conservação da espécie em outras esferas governamentais.
Financiado pela Re:wild, o estudo foi realizado pelo ISC, em parceria com o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica (CEPAM), o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), do ICMBIO, e o Tamarin Trust.
“É um estudo balizador para as políticas públicas de proteção do sauim-de-coleira nas mais diversas áreas da conservação ambiental. Através desse estudo, podemos saber onde é relevante implantar um projeto de educação ambiental, criar uma área protegida, refinar planos de conectividade de habitat, direcionar esforços para restauração florestal, priorizar Áreas de Proteção Permanente (APPs), implantar corredores ecológicos, entre outras ações estratégicas”, explicou Maurício.
Albernaz alerta que a destruição do meio ambiente tem causado cada vez mais problemas para a própria sobrevivência humana, o que ressalta a contribuição de ações efetivas para a conservação do sauim na mitigação dos problemas ambientais e na promoção de um futuro mais sustentável. “O sauim-de-coleira é um símbolo da cidade de Manaus e sua conservação é uma forma de promover uma melhor qualidade de vida, não apenas para ele, mas para todos nós”, declarou.
Espécie só existe no Amazonas
O sauim-de-coleira é um dos mamíferos amazônicos mais ameaçados. A espécie apresenta uma distribuição geográfica restrita a apenas 8.000 km2 em partes dos municípios de Manaus, Itacoatiara e Rio Preto da Eva. A principal causa do seu declínio populacional é a destruição do seu hábitat natural promovido pelo desmatamento para a expansão das áreas urbanas e rurais ao longo da sua área de distribuição geográfica. Isso vem reduzindo a quantidade de habitat para a espécie e isolando partes da população em fragmentos florestais, diminuindo com isso o fluxo gênico entre elas, pondo em risco a sua sobrevivência em longo prazo.
Agravando esse cenário, muitos sauins, ao se deslocarem entre fragmentos, em busca de abrigo e alimento, acabam vitimados por atropelamentos, eletrocussões e ataques de cães. Outro problema é a expansão da distribuição geográfica do sauim-da-mão-dourada (Saguinus midas), na extensão de ocorrência do sauim-de-coleira. Além de serem espécies potencialmente competidoras, já existem evidências de hibridização entre elas.
Por conta disso, o sauim-de-coleira está categorizado nacional e internacionalmente como Criticamente em Perigo (CR) tanto na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), como na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Essa é a categoria na qual as espécies enfrentam o mais alto risco de extinção na natureza. O cenário é tão grave que acarretou também a sua inclusão na lista internacional dos “25 Primatas mais Ameaçados do Mundo” da IUCN.