Fumaça de queimadas encobre céu de Porto Velho, cidade com a pior qualidade do ar no país

Imagens aéreas mostram a dimensão da "nuvem" de fumaça causada pelas queimadas registradas na região.

A capital Porto Velho amanheceu no início de agosto coberta por fumaça. Imagens aéreas mostram a dimensão da “nuvem” de poluição causada pelas queimadas registradas na região.

Um levantamento da IQAir, empresa suíça de tecnologia que mede os níveis de poluição em diversos países, o ar respirado pelos moradores da capital de Rondônia é o pior do país na sexta-feira (2), um Índice de Qualidade do Ar de 272, considerado “muito insalubre”.

Quando maior o IAQ, mais poluído e danoso é o ar. A classificação varia entre “Bom”, “Moderado”, “Insalubre para grupos sensíveis”, “Insalubre”, “Muito insalubre” e “Perigoso”.

De acordo com os níveis indicados pelo sistema Purple Air, o número é alarmante, e coloca em risco a saúde de todos que tiverem 24 horas de exposição.

Imagens de satélite em tempo real, que detectam a presença de Monóxido de Carbono (CO) na atmosfera, mostram que Porto Velho está em uma região com maior concentração de CO do Brasil. O gás é gerado, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). O mapa também mostra que grande parte do estado de Rondônia é afetada pelo gás carbônico.

Especialistas relacionam as novas frentes de desmatamento, avanço das pastagens no sul do Amazonas e as queimadas na região como os principais responsáveis pela péssima qualidade do ar. Um dos principais poluentes do ar na capital de Rondônia é o PM 2,5, uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo.

Imagem de satélite mostra concentração de CO — Foto: Windy/Mapa/Reprodução

O que dizem os especialistas

De acordo com o biólogo Paulo Bonavigo, Coordenador de Natureza e Comunidades da Ecoporé, as novas frentes de desmatamento e os avanços das pastagens no sul do Amazonas, presentes no modelo de desenvolvimento que vem sendo aplicado na região, estão ligados a esse efeito, que atrelado a seca extrema e às queimadas em épocas de estiagem, intensificam a presença de gases, como o CO2.

“Grande parte da emissão de gases do efeito estufa no Brasil é oriundo das queimadas. Isso contribui significativamente com as mudanças climáticas”, explica.

O professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Artur Moret, explica que na Amazônia, as queimadas são responsáveis pelas maiores emissões de CO, CO2 e PM e que o desmatamento reduz a capacidade da floresta de absorver carbono.

Por isso, os piores índices de qualidade do ar ocorrem durante o verão amazônico (seca), quando há maior probabilidade de queimadas.

Consequências na saúde

A pneumologista Ana Carolina explica que a diminuição da umidade do ar e o aumento da concentração de partículas finas (PM 2,5) na atmosfera, devido à poluição e redução de chuvas, podem causar ou agravar diversas doenças respiratórias na população, as mais comuns são:

  • Asma
  • Bronquite alérgica
  • Doenças relacionadas ao cigarro
  • Pneumonia
  • Tuberculose
  • Rinite e sinusite alérgica

Também há o aumento de doenças infectocontagiosas, (viroses e gripes). Além disso, crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas são os grupos mais vulneráveis.

Fumaça no céu de Porto Velho — Foto: Gladson Souza/Rede Amazônica

Dicas para enfrentar o tempo seco

  • Beba bastante água (cerca de dois litros por dia ou 10 copos de água de 200 ml). Ela hidrata todos os órgãos, inclusive pele e mucosa;
  • Umidifique o ar em casa. Você pode colocar uma bacia com água no ambiente ou uma toalha umedecida para minimizar os efeitos do ar seco, do ar poluído;
  • Lave os olhos com soro fisiológico ou com colírio de lágrima artificial;
  • Mantenha a casa limpa, evitando o acúmulo de poeira;
  • Evite praticar exercícios físicos das 11h às 17h;
  • Proteja-se ao máximo do sol e evite o ressecamento das mucosas e pele.

*Com informações de Rede Amazônia Rondônia

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