Floresta tem papel crucial na manutenção dos corais da Amazônia

Foto: Divulgação/Greenpeace

A Floresta Amazônica é fundamental para a existência do recife de corais da Amazônia, localizado na costa do Amapá próximo a foz do rio Amazonas. A afirmação é do pesquisador e oceanógrafo da Universidade Federal do Rio Janeiro, Fabiano Thompson, que faz parte da expedição do Greenpeace que fez as primeiras imagens do local.

Para Fabiano, um bioma como esse só pode existir devido os nutrientes da Floresta Amazônica. “Detectamos duas características existentes só nos corais da Amazônia: a turbidez da água e a alta concentração de nutrientes, oriundas da Floresta Amazônica, que são essenciais para a manutenção desses ecossistema”, revelou em entrevista ao Portal Amazônia.

As águas da região são turvas e levam consigo pedaços da floresta. São restos decompostos de árvores, terra, animais e tudo o que tiver caído na correnteza do rio Amazonas. A turbidez, causada pelos detritos, impede que a luz consiga chegar ao fundo do mar. De maneira geral, corais comuns precisam de luz e oxigênio para viver. Os corais da Amazônia contam com bactérias que ajudam a produzir matéria orgânica e energia a partir dos nutrientes provenientes da decomposição da floresta.

O recife de 9,5 quilômetros quadrados que compõe os corais da Amazônia foram localizados em 2016. A estrutura abrange a faixa que vai da fronteira do Brasil com a Guiana Francesa até o Maranhão. A descoberta deixou cientistas de todo o mundo impressionados, já que  corais só existem em condições específicas. Outra coisa que surpreendeu os pesquisadores do Greenpeace, são as espécies que vivem e conseguiram se adaptar ao local.

Na opinião de Thompson, a importância do ecossistema subaquático é inestimável. “A descoberta de todo um ecossistema nessa região é de valor incalculável. É praticamente toda uma floresta submersa desconhecida com pelo menos 9,5 mil quilômetros quadrados. São inúmeras espécies que ainda precisam ser estudadas e protegidas”, afirma o pesquisador.

Foto: Divulgação/Greenpeace

Evidências

As primeiras pistas sobre a existência de recifes ocultos na foz do rio Amazonas surgiram em 1975, a partir da análise de espécies de peixes e esponjas da região feita por pesquisadores norte-americanos. A alta produtividade de pesca regional de lagosta era um outro indício da possível presença de um recife na região. Mas somente em 2010 cientistas começaram a investigar e, em 2016, veio a confirmação.

Segundo Fabiano Thompson, a expedição do Greenpeace confirmou o estudo publicado por pesquisadores em 2016 e mostrou através de imagens a existência de uma rica biodiversidade. “Fiquei bastante contente e impressionado. A gente observa que é um recife com uma biodiversidade exuberante. Não vimos na primeira descida nada parecido. Isso mostra que estamos em um mosaico, com diferentes formações, o que faz da região ainda mais especial”, avalia o especialista. 

Lagostas indicavam a existência de um recife na região. Foto: Divulgação/Greenpeace

Ameaças

A principal ameaça ao recife de corais da Amazônia é a exploração petrolífera na região. Segundo informações do Greenpeace, as empresas Total e a BP pretendem realizar perfurações próximas a região dos corais para averiguar a viabilidade econômica da exploração de petróleo na região. Um acidente ambiental na região poderia causar danos irreversíveis ao bioma. Os processos de licenciamento ambiental estão em andamento.

O Greenpeace quer coletar assinaturas para impedir que as duas empresas fazem perfurações que possam ameaçar a região. Para isso a organização sem fins lucrativos criou a campanha ‘Defenda os Corais da Amazônia’. Para contribuir com a petição, basta acessar a página do Greenpeace.

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