Exploração de madeira cresce 30% em Roraima e quase metade da extração é ilegal

Levantamento do Imazon mostra que extração legal superou atividade criminosa entre 2023 e 2024, mas quase metade da madeira que circula em Roraima ainda tem origem clandestina.

Extração legal de madeira cresce, mas atividade ilegal ainda é responsável por quase metade do total da atividade. Foto: Divulgação/Imazon

A extração de madeira em Roraima cresceu 30% em quase um ano e chegou a 14.867 hectares em julho de 2024, conforme levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O número supera o registrado no período anterior, iniciado em agosto de 2023.

Os dados são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex). Em agosto de 2023, foram 11.422 hectares de madeira extraída.

Do total de madeira extraída em 2024:

  • 7.994 hectares foram explorados com autorização (53,8%), quase quatro vezes mais que os 2.103 hectares registrados no período anterior;
  • 6.873 hectares foram explorados sem autorização (46,2%), o que mostra que quase metade da madeira que circula em Roraima ainda tem origem clandestina.

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Extração ilegal de madeira

A exploração ilegal é mais forte no Sul do estado. Caroebe e Rorainópolis lideram o ranking, empatados com 28%. Logo atrás vem São João da Baliza, com 24%.

Sozinhos, esses três municípios concentram 80% de toda a madeira extraída ilegalmente das florestas de Roraima. Essas regiões, próximas às divisas com o Amazonas e o Pará, são consideradas pontos críticos de pressão florestal pelos pesquisadores do Imazon.

O monitoramento identificou que a extração não autorizada se concentra majoritariamente em áreas que deveriam ser protegidas ou destinadas a assentamentos rurais. Esses foram os locais mais afetados, que somaram 43% de toda a exploração ilegal. Na sequência, aparecem:

  • Imóveis rurais privados: 33%
  • Vazios fundiários: 21%
  • Terras não destinadas: 3%

Segundo o Imazon, a pressão sobre essas áreas acende um alerta para problemas históricos de governança fundiária em Roraima e aumentam o risco de conflitos e prejuízos ambientais.

madeira ilegal amazônia
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Leia também: Projeto vai usar ‘assinatura química’ e DNA de árvores para rastrear madeira no Amapá

Extração legal

Pela primeira vez desde 2022, a área de extração legal superou a ilegal, com 54% do total. Segundo o estudo, 90% da exploração legal ocorreu em imóveis rurais privados no último ano.

Confira o histórico completo da evolução madeireira no estado nos últimos cinco anos:

Evolução da exploração de madeira em Roraima (em hectares)

AnoAutorizadaNão autorizadaTotal
20204.2415.2179.458
20217614971.258
20221.1844871.671
20232.1039.31911.422
20247.9946.87314.867

Fonte: Simex/Imazon

Para a pesquisadora do Imazon, Camila Damasceno, o crescimento dos números gerais deve ser analisado com cautela, mas a inversão da curva, com mais extração de madeira legal do que ilegal, é um indicador positivo.

“Esse aumento, a gente vê com bons olhos. Significa que as pessoas estão seguindo as técnicas do manejo florestal sustentável, gerando empregos e renda para o estado. A exploração legal é bem mais sustentável. A ilegal acaba tendo inúmeras consequências não só para a floresta, mas também para comunidades que vivem ali”, completa.

O relatório destaca uma dificuldade na obtenção dos dados por parte do Órgão Estadual de Meio Ambiente (Oema), responsável pelo licenciamento em Roraima. Por conta disso, segundo a Rede Simex, formada por Imazon, Imaflora e ICV, as informações analisadas foram retiradas exclusivamente do sistema do Ibama (SisCom).

O que diz a Femarh

O relatório do Simex apontou dificuldades na análise por ausência de dados estaduais, mas a Femarh afirma que não foi consultada para validar o estudo e esclareceu que utiliza o sistema federal Sinaflor. Enquanto o Imazon estima 54% de extração legal de madeira, o governo estadual afirma que 71% da área explorada (10.585 hectares) possui licença.

Sobre a atividade ilegal, a Femarh informou que cerca de 739 hectares já foram autuados e embargados em operações fiscalizatórias entre 2023 e 2025. A Fundação reiterou que o estado foi o primeiro a adotar o sistema federal de controle e que mantém um portal de transparência próprio para consulta de licenciamentos e fiscalizações.

*Com informações da Rede Amazônica RR

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