Analisar e ter uma base sólida para a tomada de decisões. Esse foi o objetivo da apresentação de diagnósticos da Bacia do Rio Acre. A reunião, conduzida pela Secretaria de Habitação e Urbanismo (Sehurb), mostrou detalhes importantes sobre o principal rio do Acre e medidas que precisam ser tomadas para mitigar o impacto das constantes enchentes registradas no estado.
O estudo fez um levantamento detalhado das características hidrológicas da Bacia do Rio Acre, incluindo padrões de precipitação, níveis de vazão e variações sazonais, além de identificação de áreas vulneráveis a enchentes, mapeamento de riscos e análise das causas subjacentes.
A apresentação foi conduzida por Fernando Fonseca de Freitas, coordenador executivo do contrato de estudo. Ele é engenheiro ambiental, especialista em segurança de barragens. Matheus Willinghoefer, coordenador técnico, engenheiro sanitarista e ambiental, especialista em segurança de barragens e mestrando em desastres naturais, foi quem explicou como foi feito o estudo, que durou dois anos, e apresentou as soluções.
Os impactos ambientais foram destacados pela ótica da interferência na biodiversidade local, ecossistemas aquáticos e qualidade da água. Foi feita, ainda, a análise dos efeitos das mudanças climáticas sobre a frequência e intensidade das enchentes na região.
Ao fim do estudo, foram propostas melhorias nas áreas de infraestrutura e drenagem; zoneamento e ordenamento territorial e indicação de um monitoramento e alerta precoce. Entre as medidas propostas estão:
– Implementação de obras de drenagem e canalização para aumentar a capacidade de escoamento das águas pluviais;
-Manutenção e limpeza periódica de canais e galerias para prevenir obstruções e inundações;
-Definição de áreas de risco e restrição para ocupação urbana, evitando a construção em áreas suscetíveis a enchentes;
-Promoção de práticas de uso do solo sustentáveis e conservação de áreas de proteção ambiental;
-Implementação de sistemas de monitoramento hidrológico em tempo real, para detectar precocemente o aumento dos níveis dos rios;
-Estabelecimento de protocolos de alerta e planos de evacuação para comunidades vulneráveis.
O estudo seguiu de Assis Brasil até Porto Acre avaliando detalhadamente cada especificidade.
Já para a seca severa, que também deve atingir o estado de maneira mais rígida este ano, a orientação principal é a construção de reservatórios de pequeno e médio porte; implantação de reservatórios comunitários e em propriedades rurais e gestão desses tanques para múltiplos usos.
Estudo fundamental
Em seu discurso, o governador Gladson Cameli reforçou que o manancial é de extrema importância para os acreanos e que o estudo técnico era fundamental para que fossem pensadas as intervenções necessárias.
Entre as sugestões, há construções de barragens, desocupação de áreas às margens do rio e criação de sistemas de alerta para a população. O estudo foi dividido em seis sessões, começando pelo plano de contingência; sistema de monitoramento chuva-vazão; plano de macrodrenagem e sistema de alerta de socorro.
“Vamos restaurar os ecossistemas biológicos de árvores, plantas e animais das margens desse tão importante manancial fluvial. Faremos obras de drenagem e canalização para aumentar a capacidade de escoamento de águas das chuvas. Também é importante que façamos limpezas periódicas dos canais e galerias que derramam águas no Rio Acre”, garantiu o governador.
Ao finalizar sua fala, se comprometeu nas medidas para garantir a estabilidade do rio e das milhares de pessoas que dele vivem. Entre final de fevereiro e março deste ano, a cheia dos rios em todo o Acre castigou o estado e atingiu mais de 120 pessoas. O fenômeno foi considerado o maior desastre ambiental do estado pela Defesa Civil e deixou 19 das 22 cidades em situação de emergência, devidamente reconhecida pelo governo federal.
O secretário de Habitação e Urbanismo, Egleuson Santiago, diz que o estudo e os resultados dele reafirmam o compromisso do governo do Acre em buscar soluções que tragam segurança e qualidade de vida para a população do estado.
“O estudo começou no município de Assis Brasil, passou por Brasileia, Xapuri, Rio Branco, finalizando em Porto Acre. Durante este período, foi realizada uma análise detalhada e abrangente dos dados hidrológicos, geomorfológicos e climáticos da bacia do Rio Acre. As recomendações e os dados apresentados neste estudo são fundamentais para a formulação de políticas públicas eficazes e para a implementação de projetos que visem a proteção da nossa região”, destacou.
*Com informações da Agência Acre