Livro escrito por jovens pesquisadores reúne sugestões para o enfrentamento dos desafios da região e aponta novos caminhos para pesquisas.
Pesquisadores e instituições da sociedade civil de todo o Brasil se uniram a fim de revisitar as pesquisas focadas no desenvolvimento sustentável, na conservação e na inclusão social da região amazônica. Os resultados desse processo culminaram no livro ‘Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate da sustentabilidade e inclusão’, publicado em 14 de novembro pela Escola São Paulo de Ciência Avançada Amazônia Sustentável e Inclusiva, com acesso gratuito em português, espanhol e inglês. A cerimônia de lançamento foi transmitida através do canal da Agência Fapesp.
Entre as questões enfrentadas no livro está a importância de metodologias participativas – encontro entre o conhecimento local com o científico – para o fortalecimento da perspectiva das comunidades ribeirinhas na adaptação às secas na região.
Segundo os autores, a centralidade da água e dos rios na rotina e no equilíbrio amazônico torna secas como as registradas em 2023 ainda mais prejudiciais.
Com alterações severas no ciclo de chuvas e estiagens, o modo de vida da região é diretamente afetado e as perturbações podem ser sentidas de maneira mais clara nas populações mais próximas dos cursos d’água.
“Nunca foi tão evidente e assustador o quanto as mudanças climáticas estão alterando a sazonalidade das secas na Amazônia. Esse ano está marcado por uma seca excepcionalmente intensa, com quebras de registros históricos dos níveis dos rios, fazendo alguns afluentes simplesmente desaparecem e isso está impactando diretamente as comunidades ribeirinhas. Estudos futuros precisam levar em conta como estas comunidades estão lidando com esses eventos”,
ressaltou Ana carolina Pessôa, pesquisadora no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e uma das autoras do livro.
Ouvindo as comunidades
No livro, pesquisadores defendem que ouvir aqueles mais afetados pelos impactos de eventos climáticos amazônicos vai além da necessidade de conhecer seus relatos e pode apontar novos caminhos para a Amazônia. Dessa forma, o intercâmbio entre cientistas e povos tradicionais abre caminho para inovações que podem auxiliar no enfrentamento aos impactos das secas severas e outros dilemas que atingem a região.
“Essa metodologias permitem que o pesquisador capte a percepção local de dos eventos que atingem determinada região. Vai além da visão do pesquisador sobre os problemas e permite que, com essa percepção local, nossas propostas e soluções se tornam mais contextualizadas e se adequam melhor às comunidades que pretendemos ajudar”, destaca Ana.
Dentre as soluções, nascidas da interação entre grupos e destacadas pela pesquisadora, estão o uso do calendário ecológico para melhorias no plantio, enriquecimento dos roçados por meio de fertilizantes agro ecológicos sustentáveis a fim de intensificar o uso do solo e a criação de sistemas de monitoramento e alerta precoce para prever eventos climáticos extremos na região.