Estudo avalia impactos da expansão agrícola para a água na Amazônia

Quando se fala em Amazônia, logo vem em mente a abundância e riquezas hídricas da floresta verde. Entretanto, novos estudos apontam que o processo de expansão da fronteira agrícola tem trazido graves consequências à questão da água, da terra e da biodiversidade da região.  

Mas quais as relações entre o modelo de desenvolvimento econômico, a cultura dos migrantes e a degradação ecológica das bacias hidrográfica no norte do Estado? Por que a questão da água tornou-se problema em poucas décadas depois do início da colonização? Que aprendizagem socioambiental é possível extrair para outros assentamentos rurais dentro do bioma amazônico?

Foto: Reprodução/Unemat
Para responder essas questões, sete instituições de ensino superior se unem para promover uma investigação tão complexa quanto os desafios enfrentados na região. A iniciativa deu origem ao “Estudo das formas de relação das atividades econômicas (pecuária e produção de grãos) com a água na Amazônia norte mato-grossense e suas consequências”.

Para o coordenador do estudo, Aumeri Carlos Bampi, professor da Unemat, doutor em Filosofia e Ciências da Educação, a questão da água é complexa e deve ser entendida a partir da relação de elementos, como: consumo, cultura, território, política, economia e natureza. “Vamos observar a relação entre a água, a cultura dos migrantes, o modelo de desenvolvimento econômico e as causas do atual desequilíbrio ambiental e mesmo a escassez produzida em muitos locais”.

No tocante à pecuária, a área a ser estudada envolve os municípios no entorno das rodovias estaduais MT 208 e MT 320 e da rodovia federal BR 163, onde a atividade produtiva predominante é a pecuária extensiva de corte organizada em grandes propriedades, seguida pela atividade de pecuária leiteira movida por agricultores familiares.

Já com relação à produção de grãos, a área escolhida é de forte dinamismo agrícola na produção da soja também no entorno da BR 163 e das rodovias estaduais, que abrigam a produção tanto em grandes propriedades, em minifúndios ou em assentamentos rurais.

Serão realizadas entrevistas, registro de narrativas, registro fotográfico e observação a campo nas propriedades rurais. Esses dados serão acrescidos de outros elementos, tais como áreas de florestas abertas ao longo do período de colonização, baseando-se em uma série histórica de imagens de satélite, indicando áreas de floresta, matas ciliares, corpos d’águas e plantações de grãos e pastagens.

Sobre o projeto

Na pesquisa, o ponto de partida é a afirmação de que o modelo produtivo implantado na região apresentou baixo grau de sustentabilidade ecológica e causou desmatamento, degradação da floresta, com desmate de matas ciliares e afetando diretamente as bacias hidrográficas.

O estudo busca descrever as consequências dessa ocupação na atualidade. “Há possibilidades de severas consequências às comunidades, ao sistema produtivo do agronegócio e profundo desequilíbrio aos sistemas ecológicos locais, uma vez que nascentes, córregos e rios encontram-se afetados pelo processo de inserção de atividades econômicas através de abertura de novas áreas”, explicou o professor Aumeri.

O projeto “Estudo das formas de relação das atividades econômicas (pecuária e produção de grãos) com a água na Amazônia norte mato-grossense e suas consequências” foi aprovado recentemente pelo edital Fapemat nº 037/2016, de apoio a Programa de Redes de Pesquisa. Além da Unemat, tem a parceria de diversas instituições: UFMT / Ufscar / UFF / Ufopa / Uninove / Febasp e Governo do Estado.
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